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Tratamento experimental com vírus zika destrói tumor cerebral em roedores sem causar lesão neurológica

Tratamento experimental com vírus zika destrói tumor cerebral em roedores sem causar lesão neurológica
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out. 29 - 3 min de leitura
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Pesquisadores brasileiros do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células Tronco (CEGH-CEL) da Universidade de São Paulo (USP) demonstraram que a aplicação sistêmica intraperitoneal de vírus zika - em 3 injeções, uma a cada 7 dias - em modelos animais (camundongos) portadores de tumores cerebrais é capaz de destruir o câncer sem provocar lesões neurológicas ou em outros órgãos, o que aumentou a sobrevida dos animais.

Estes resultados, publicados em edição especial do periódico Viruses, confirmaram a eficácia e a segurança do tratamento com o vírus nos modelos e abrem perspectivas para o uso da viroterapia em tumores do sistema nervoso central.

Os cientistas também realizaram um outro experimento: eles injetaram o zika em um organoide cerebral (órgão semelhante ao cérebro humano criado in vitro com células-tronco) e detectaram que o tamanho tumoral foi reduzido.

Nos dois experimentos, citocinas (proteínas que regulam a resposta imunológica) suprimiram a progressão do tumor e houve aumento da migração de células imulonógicas para o cérebro afetado pelo tumor.

Os pesquisadores trabalharam com uma linhagem de camundongos imunodeficientes conhecida como “nude”. Estes animais possuem sistema imunológico com carga reduzida de linfócitos T.

Os cientistas avaliaram a eficácia e segurança do tratamento por diversas vias. Em primeiro lugar, eles aplicaram o vírus diretamente no cérebro dos animais e observaram que, num primeiro momento, houve regressão do tumor. No entanto, este voltou a crescer após 21 dias. Após, foram feitas injeções intracerebrais ventriculares com a mesma carga viral anterior. Esta, entretanto, se mostrou muito agressiva e virulenta, levando os animais à caquexia e sobrevida de somente quatro semanas.

Os pesquisadores, então, realizaram aplicações sistêmicas via intraperitoneal obtendo efeitos positivos: os animais continuaram comendo, não perderam peso e mantiveram boas condições clínicas, sem lesão neurológica ou de outro órgão e aumentaram sua sobrevida.

O grupo de pesquisa foi o primeiro a descobrir que o zika brasileiro pode ser um agente eficiente para tratar formas agressivas de tumores embrionários do sistema nervoso central, incluindo meduloblastomas. 

O grupo observou que a infecção provocada pelo vírus nas células tumorais dificultou a progressão da doença, indicando efeito oncolítico intensivo de zika. Pela primeira vez, o grupo trabalhou com tumores embrionários do sistema nervoso central in vitro, com resultados semelhantes. O artigo, no entanto, destaca a necessidade de mais investigação para confirmar a seletividade do vírus nesses casos.

 

Fonte: Ferreira, et al. 2021.

 

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Referências:

Ferreira, R.O.; Granha, I.; Ferreira, R.S.; Bueno, H.d.S.; Okamoto, O.K.; Kaid, C.; Zatz, M. Effect of Serial Systemic and Intratumoral Injections of Oncolytic ZIKVBR in Mice Bearing Embryonal CNS Tumors. Viruses 2021, 13, 2103. https://doi.org/10.3390/v13102103

 

 

 


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