Ondas de calor aumentam os atendimentos de emergência por
Acidente Vascular Encefálico (AVE), de acordo com os resultados apresentado no
ESC Asia, um congresso científico organizado pela European Society of Cardiology (ESC),
Asian Pacific Society of Cardiology
(APSC) e Asean Federation of
Cardiology ( AFC).
Adultos mais velhos podem ser mais suscetíveis a acidentes
vasculares encefálicos após a exposição ao clima quente. Devido às mudanças
climáticas e ao aquecimento global, medidas preventivas, como moradia isolada e
ar condicionado, devem ser consideradas prioridade na saúde pública para
proteger e prevenir o desenvolvimento da patologia.
O estudo incluiu 3.367 participantes com 65 anos ou mais ,
residentes de Okayama, cidade no oeste do Japão. Eles ingressaram em unidade
hospitalar entre 2012 e 2019, durante e vários meses após à estação chuvosa no
país, por emergência devido a episódio de AVE.
Os pesquisadores obtiveram dados de hora em hora sobre
temperatura externa , umidade relativa, pressão barométrica e concentração
atmosférica média de material particulado com menos de 2,5 μm de diâmetro
(PM2,5) da estação meteorológica de Okayama, administrada pela Agência
Meteorológica do Japão e pelo Governo da Província de Okayama.
A associação entre temperatura e acidente vascular
encefálico foi analisada durante a estação chuvosa, um mês após, dois meses
após e três meses após. Foi usado um projeto de estudo de caso cruzado
estratificado no tempo onde, para cada participante, os pesquisadores
compararam a temperatura no dia da semana em que ocorreu um derrame (por
exemplo, segunda-feira) com a temperatura no mesmo dia da semana sem derrames
(por exemplo, , todas as segundas-feiras restantes) no mesmo mês. Isso evitou
os possíveis efeitos de confusão de características individuais, tendências de
longo prazo, sazonalidade e dia da semana.
Descobriu-se que a relação entre temperatura e acidente
vascular encefálico era mais forte um mês após a estação chuvosa. Para cada
aumento de 1°C na temperatura, houve um risco 35% maior de atendimentos de
emergência por AVE após o ajuste de umidade relativa, pressão barométrica e
concentração de PM2,5. Quando cada tipo de AVE foi analisado separadamente,
cada aumento de 1°C na temperatura foi associado a uma probabilidade elevada de
24% de AVE hemorrágico, 36% de aumento do risco de AVE isquêmico e 56% de
aumento do risco de ataque isquêmico transitório (AIT).
Em segunda análise, os pesquisadores avaliaram se havia uma
possível "modificação do efeito" de acordo com a estação chuvosa. A
modificação do efeito significa que a associação entre a exposição (temperatura
do ar quente) e o resultado (consulta de emergência para AVE) pode ser
diferente dependendo de uma terceira variável (durante e após a estação
chuvosa). Para esta análise, o período de referência foi a estação chuvosa.
Novamente, a relação foi mais forte um mês após a estação
chuvosa. Em comparação com o período de referência, houve uma probabilidade
elevada de 31% de acidente vascular encefálico para cada aumento de 1°C na
temperatura.
De acordo com os pesquisadores, os resultados dessa segunda análise sugerem que as condições ambientais imediatamente após a estação chuvosa intensificam a relação entre clima quente e derrame. Além das altas temperaturas, o período é caracterizado por um aumento na duração do sol e menos chuva, o que pode explicar as descobertas.
O estudo
ressalta a importância da orientação à população, especialmente mais velha, a
respeito de medidas protetivas em dias quentes e com baixa umidade relativa do
ar, como ficar em ambientes fechados e mais frescos durante os picos de
temperatura.
Referência:
XPRESS, Medical. Hot weather associated with increased stroke risk in older people. Disponível
em: https://medicalxpress.com/
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