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Desafios dos oftalmologistas e do negócio oftalmologia no Brasil

Desafios dos oftalmologistas e do negócio oftalmologia no Brasil
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jul. 8 - 5 min de leitura
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A Oftalmologia é a nona especialidade com maior número de médicos no Brasil e a décima primeira em número de residências, segundo censo de 2021 do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. O Brasil é tido como referência internacional na área – principalmente no que se refere a tratamentos de retina e transplantes de córnea – e possui diversos profissionais entre os melhores do mundo.

No dia 10 de julho, comemora-se o Dia Mundial da Saúde Ocular. Em referência à data, a Academia Médica convidou alguns médicos oftalmologistas, jovens empresários, para falar um pouco sobre as principais oportunidades e desafios de empreender na área oftalmológica em território nacional.

Altos custos

Uma das principais dificuldades, apontadas por todos os profissionais consultados, é o alto custo dos aparelhos utilizados na área. Mesmo a montagem de um consultório básico costuma dar bastante despesa, sendo que o retorno do investimento muitas vezes é dificultado pela optometria, que vem ganhando muito espaço e gerando concorrência desleal com a Medicina; pelas dificuldades em credenciamento aos planos de saúde e os modelos de pagamento adotados pelos mesmos; e pela medicina de grupo, que normalmente consegue oferecer serviços com preços reduzidos.

“Na medicina de grupo, geralmente ocorrem investimentos multimilionários de grandes empresas internacionais. Estas adquirem equipamentos caríssimos, de difícil acesso à medicina familiar e aos pequenos empreendedores, e passam a oferecer exames e consultas a preços baixíssimos”, comenta o oftalmologista Guilherme Buchaim, do Centro Clínico Doutor Ricardo Buchaim, com sede em Assis (SP).

A fusão de grupos de investimentos, o empacotamento de consultas e o modelo de remuneração por captation são apontados como desafios pela oftalmologista Ana Paula Canto, da Clínica Canto, em Curitiba. Ela destaca também a verticalização no setor da medicina ocular, onde as operadoras de saúde passam a trabalhar com médicos próprios. “Os oftalmologistas contratados pelas operadoras muitas vezes são impedidos de fazer atendimentos de ponta por que as operadoras para as quais prestam serviços não cobrem determinados procedimentos. Além disso, muitas vezes as operadoras atuam em locais fisicamente distantes, o que compromete o acesso dos pacientes”, afirma.

Conquista do paciente

Em termos de oportunidades, Guilherme cita a lacuna existente entre o consultório particular e a demanda reprimida do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos, muitas pessoas se viram impossibilitadas de continuar pagando planos de saúde. Estas, de acordo com ele, migraram para o SUS, mas muitas vezes têm condições de arcar com consultas médicas particulares, desde que com preços mais acessíveis. Conquistar estes pacientes e fidelizá-los como clientes pode ser um bom caminho.

Já a oftalmologista da empresa Médicos de Olhos S/A, também com atuação na capital paranaense, Kelly Cristina Régis, afirma que o bom trabalho e atendimento do médico com cada paciente é e sempre será a melhor maneira de se colocar e se apresentar ao mercado de trabalho. “O melhor marketing médico ainda é um paciente que sai satisfeito de sua consulta”.

Comparando o que é praticado em termos de saúde ocular no Brasil e no exterior, Kelly valoriza o fato de que, por aqui, o exame refracional é, na maioria das vezes, realizado por oftalmologistas e não outros profissionais. “No Brasil, quando a pessoa procura um profissional para realizar uma consulta para óculos, ela tem a oportunidade de se consultar com um médico oftalmologista. Nesse momento, além do exame de refração, temos a consulta oftalmológica completa, na qual conseguimos detectar alterações e doenças que apenas com um exame aprofundado podem ser detectados. Em muitos países, o exame refracional não é realizado por um médico, o que pode atrasar a detecção precoce de algumas patologias”.

Evolução tecnológica

Em relação ao maior avanço na área nos últimos anos, os profissionais também são unânimes em citar a evolução da cirurgia de catarata. “Os avanços tecnológicos estão principalmente nos aparelhos que fazem o diagnóstico e tratamento da cirurgia de catarata, que em todo mundo é a mais realizada”, diz Guilherme. “Hoje, os procedimentos não priorizam apenas a melhora da visão do paciente. Eles buscam devolver a visão total e tornar as pessoas livres de óculos e lentes corretivas já no pós-operatório, trazendo maior independência a quem atua no mundo tecnológico”.

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