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Retinoblastoma: oftalmologistas alertam sobre a saúde ocular das crianças

Retinoblastoma: oftalmologistas alertam sobre a saúde ocular das crianças
Academia Médica
jan. 31 - 5 min de leitura
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No sábado, dia 29 de janeiro de 2022, Tiago Leifert e Daiana Garbin publicaram um vídeo em suas redes sociais no qual expuseram o caso de sua filha de 1 ano de idade, Lua, que foi diagnosticada com Retinoblastoma. No dia 30, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgaram uma nota de esclarecimento sobre a doença.

O retinoblastoma é o tumor intraocular maligno primário mais comum da infância. Pode ocorrer somente em um olho ou em ambos (bilateral), acometendo geralmente crianças menores de 5 anos. Esta doença afeta aproximadamente 6000 crianças no mundo por ano e não apresenta diferenças entre os sexos.

A presença do câncer pode causar uma alteração do reflexo vermelho dos olhos observado em fotografias ou no teste do reflexo vermelho, sinal que requer encaminhamento imediato a um oftalmologista. Algumas crianças com retinoblastoma podem apresentar estrabismo.

A doença se desenvolve devido a uma anormalidade no cromossomo número 13, no qual está contido um gene que regula a proliferação celular. Cerca de 90% dos casos de retinoblastoma são esporádicos, e apenas 10% são de casos familiares. Além disso, aproximadamente 40% das crianças com retinoblastoma têm uma forma genética herdada do tumor, mesmo que ninguém mais na família tenha o problema. Importante frisar que esta doença não é causada por fatores externos.

O retinoblastoma é confirmado através do exame oftalmológico que pode ser realizado no consultório através de exame com a pupila dilatada e eventualmente confirmado com exame sob sedação no centro cirúrgico. A ultrassonografia ocular deve ser realizada e pode mostrar pontos brilhantes intralesionais consistentes com cálcio. A tomografia computadorizada também pode mostrar as calcificações quando a ultrassonografia não está disponível. A ressonância de crânio é necessária para realizar o estadiamento do tumor.

O tratamento deste tipo de câncer apresentou avanços enormes nas últimas décadas, e é adaptado a cada caso individual. O tipo de tratamento depende de vários fatores, incluindo localização do tumor primário, lateralidade, tamanho do tumor primário, presença ou não de metástases e prognóstico visual estimado. O manejo do retinoblastoma é complexo e envolve quimioterapia e terapia focal ou métodos de cirúrgicos. Com tratamento adequado, as taxas de cura podem chegar a mais de 95%. O tratamento geralmente requer abordagem multidisciplinar que pode envolver oftalmologistas, oncologistas, geneticistas, enfermeiros, assistentes sociais e profissionais de saúde mental.

As entidades postularam alguns tópicos importantes a respeito da doença:

1) O diagnóstico precoce desta forma de tumor, cuja origem está associada a fatores genéticos, é o melhor caminho para garantir seu tratamento adequado;

2) Neste sentido, o início dos cuidados começa ainda na maternidade,
onde todo recém-nascido deve ser submetido ao Teste do Olhinho
(teste do reflexo vermelho) até 72 horas de vida, sendo este o primeiro
passo para a detecção de doenças oculares;

3) Após essa abordagem inicial, o Teste do Olhinho dever ser repetido pelo
pediatra ao menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida
da criança;

4) Na identificação de qualquer anormalidade, o paciente deve ser encaminhado para consulta com oftalmologista que aprofundará a investigação;

5) Para ampliar a proteção da saúde ocular das crianças, recomenda-se
ainda que bebês de seis a 12 meses passem por um exame oftalmológico completo;

6) Posteriormente, entre três (idealmente) e cinco anos esse mesmo bebê
deve ser submetido a uma segunda avaliação oftalmológica;

7) Estes exames oftalmológicos completos são fundamentais para detecção precoce de problemas oculares que afetam a saúde ocular da população pediátrica;

8) Em caso de confirmação de diagnóstico de retinoblastoma, a criança
iniciará tratamento que depende de vários fatores (localização e o tamanho do tumor, disseminação além do olho e possibilidade de preservação da visão);

9) Na condução de casos de retinoblastoma podem ser adotados diferentes procedimentos, como quimioterapia (intravenosa, intra-arterial, periocular e intraocular), terapia focal e métodos cirúrgicos.
 

"O CBO e a SBOP fazem ainda outro alerta aos pais e responsáveis: em casos de doenças oculares confirmadas, confiem apenas nos cuidados oferecidos por médicos, em especial por oftalmologistas. Supostos tratamentos, como “self-healing" ou prática de exercícios oculares não têm comprovação científica. Portanto, eles não servem para curar o retinoblastoma ou qualquer outra doença que afeta o aparelho da visão (glaucoma, catarata, doenças retinianas, etc.).

Ao invés de conduzir à cura ou à melhora dos quadros clínicos, como sempre prometem, essas abordagens podem retardar o início de tratamentos corretos, aumentando as chances de comprometimento parcial ou total da visão e, em casos de tumores, até mesmo da vida do paciente."

 

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Referências

Retinoblastoma: oftalmologistas alertam população sobre cuidados com a saúde ocular das crianças. Colégio Brasileiro de Oftalmologia. Disponível em https://cbo.net.br/2020/retinoblastoma-oftalmologistas-alertam-a-populacao-sobre-cuidados-com-a-saude-ocular-das-criancas

RETINOBLASTOMA. Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica. Disponível em https://sbop.com.br/retinoblastoma/


 


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