Em 25 de setembro de 2023, a Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou no Brasil o Mounjaro® (tirzepatida) como uma nova alternativa terapêutica para o tratamento do diabete mellitus tipo 2 (T2DM). A inovação do Mounjaro® reside na sua atuação enquanto primeiro receptor dual de polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e agonista do receptor de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1).
Em sintonia com essa aprovação, objetivamos trazer os resultados de um estudo publicado na revista JAMA Network Open em 03 de outubro de 2023. O ensaio clínico randomizado avaliou a eficácia e segurança do tirzepatida em comparação com a insulina lispro, ambas como terapia adjuvante à insulina glargina. Estes achados são aguardados com grande expectativa pela comunidade médica, pois têm potencial para estabelecer novos paradigmas no tratamento do T2DM.
Para uma compreensão do contexto dos participantes envolvidos no estudo, apresentamos em seguida a tabela "Baseline Demographics and Clinical Characteristics", que detalha as características demográficas e clínicas iniciais:
Fonte:
JAMA.doi:10.1001/jama.2023.20294
O estudo aponta que o tirzepatida, um polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose e GLP-1 RA administrado semanalmente, apresentou resultados notáveis no controle do diabete tipo 2. Em comparação com a insulina basal, que é comumente usada quando medicamentos orais não oferecem controle adequado, o tirzepatida demonstrou uma capacidade superior em reduzir níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), que é um marcador chave no controle do diabetes. Em algumas dosagens, a redução chegou a ser entre 1,9% a 2,6%, com uma perda de peso associada entre 6 kg e 13 kg.
A seguir, apresentamos uma figura extraída da pesquisa original, que ilustra o "Efeito do Tirzepatida versus Insulina Lispro sobre a Hemoglobina A1c (HbA1c) e o Peso Corporal", destacando as diferenças observadas entre os dois tratamentos.
Fonte:
JAMA.doi:10.1001/jama.2023.20294
Mais impressionante é que, com o uso de tirzepatida, entre 81% e 97% dos participantes do estudo conseguiram alcançar níveis de HbA1c inferiores a 7,0%. Em uma análise mais detalhada do, quando o tirzepatida foi adicionado à insulina basal e comparado com a adição da insulina lispro prandial, ele não só demonstrou melhores resultados em termos de controle glicêmico, mas também promoveu perda de peso e teve taxas menores de hipoglicemia clinicamente significativa.
A fim de elucidar as mudanças observadas ao longo deste estudo, apresentamos a figura "Glycemic and Cardiometabolic Parameters at Week 52", que destaca os parâmetros glicêmicos e cardiometabólicos dos participantes após 52 semanas de intervenção.
Fonte: JAMA.doi:10.1001/jama.2023.20294
Além disso, o estudo também revelou que o tratamento com tirzepatida pode reduzir ou até mesmo eliminar a necessidade de insulina basal em alguns pacientes, o que sugere que essa terapia pode melhorar a sensibilidade à insulina, possivelmente em função da perda de peso e da redução do teor de gordura no fígado.
Contudo, é vital mencionar que o estudo possui limitações. Por exemplo, os tratamentos não foram cegados devido às diferenças em dosagem e aparelhos de administração. Além disso, as metas de glicose sanguínea utilizadas podem não ser generalizáveis para todos os pacientes fora do ambiente de ensaio clínico.
Em suma, estudo enfatiza a capacidade do tirzepatida em superar os resultados da insulina tradicional, ressaltando sua eficácia na redução da hemoglobina glicada (HbA1c) e na promoção da perda de peso. Contudo, é fundamental entender que, apesar de seus benefícios claros, é crucial a continuidade de pesquisas robustas para confirmar essas descobertas e garantir a segurança e eficácia do tirzepatide em diversos contextos clínicos.
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Referência:
Rosenstock J, Frías JP, Rodbard HW, et al. Tirzepatide vs Insulin Lispro Added to Basal Insulin in Type 2 Diabetes: The SURPASS-6 Randomized Clinical Trial. JAMA. Published online October 03, 2023. doi:10.1001/jama.2023.20294