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Obesidade pode ter origens mais antigas do que o esperado

Obesidade pode ter origens mais antigas do que o esperado
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set. 17 - 5 min de leitura
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Imagem por:  WALTER STUDER/KEYSTONE/PHOTOPRESS-ARCHIVE

Um estudo publicado  em Science Advances em 13 de setembro de 2023, desafia a compreensão atual da epidemia de obesidade, sugerindo que suas raízes podem remontar aos anos 1930, muito antes do que se acreditava anteriormente.

Liderada pelo epidemiologista Thorkild Sørensen, da Universidade de Copenhague, a pesquisa analisou mais de 2 milhões de medidas de peso e altura de 320.962 crianças, sendo 160.035 meninas e 160.927 meninos. Os registros, que abrangiam várias décadas, desde os anos 1930 até os anos 1980, oferecem um panorama inédito sobre a evolução do Índice de Massa Corporal (IMC) ao longo do século XX.

A análise dos dados mostrou que, embora o IMC de até 75% da população tenha permanecido relativamente estável ao longo do tempo, houve um crescimento significativo na prevalência de obesidade nos percentis mais altos. Como evidência, enquanto apenas 0,18% dos meninos nascidos em 1930 foram categorizados como obesos aos 10 anos, essa proporção aumentou para 1,13% para aqueles nascidos em 1970.

A seguir, são apresentadas quatro figuras extraídas da pesquisa original, cada uma acompanhada de sua respectiva legenda, que proporcionam uma análise visual dos  resultados encontrados nesse estudo.

1. Mudanças por ano de nascimento dos percentis de IMC observados em jovens homens. Percentis de IMC selecionados (0,1, 0,25, 0,5, 0,75, 0,9, 0,95 e 0,99) para jovens homens nascidos de 1939 a 1959 e examinados entre 18 e 26 anos.

Fonte:  Sci. Adv. DOI:10.1126/sciadv.adg6237

2. Mudanças por ano de nascimento das estimativas de regressão quantílica dos percentis de IMC em jovens homens. Percentis de IMC estimados com base em regressão quantílica linear (linhas) e não linear (pontos) selecionados (0,1, 0,25, 0,5, 0,75, 0,9, 0,95 e 0,99) para jovens homens nascidos de 1939 a 1959 e examinados nas juntas de recrutamento na região de Copenhague entre 18 e 26 anos.

Fonte:  Sci. Adv. DOI:10.1126/sciadv.adg6237

3. Inclinações baseadas em regressão quantílica de cada percentil linear de IMC por ano de nascimento entre jovens homens. Inclinações estimadas das mudanças lineares nos percentis de IMC de jovens homens em torno dos 19 anos de idade por ano de nascimento, de 1939 a 1959. As inclinações (kg/m^2 por ano) estão no eixo y para cada percentil, do 1º ao 99º das distribuições de IMC (com zonas cinzentas em volta de cada ponto indicando intervalos de confiança de 95%).

Fonte:  Sci. Adv. DOI:10.1126/sciadv.adg6237

4.  Inclinações baseadas em regressão quantílica de cada percentil linear de IMC por ano de nascimento entre crianças. Estimativas das inclinações das mudanças lineares nos percentis de IMC de meninas e meninos nas idades de 7, 10 e 13 anos, de acordo com o ano de nascimento de 1930 a 1976. As inclinações (kg/m^2 por ano) estão no eixo y para cada percentil, do 1º ao 99º das distribuições de IMC (com zonas cinzentas em volta de cada ponto indicando intervalos de confiança de 95%, visíveis apenas nos percentis mais altos).

Fonte:  Sci. Adv. DOI:10.1126/sciadv.adg6237

Estas descobertas desafiam a narrativa dominante de que a epidemia de obesidade começou na década de 1970, impulsionada pela ascensão de alimentos processados e estilos de vida sedentários. Sørensen argumenta que, uma vez que essas tendências em dieta e estilo de vida não se tornaram predominantes até mais tarde no século XX, outros fatores podem estar em jogo.

“Nossos resultados apontam para a necessidade de repensar as origens da epidemia de obesidade”, declarou Sørensen. “Esperamos que, ao colaborar com historiadores, possamos identificar fatores anteriormente não considerados que possam ter desencadeado o aumento da obesidade já na década de 1930.”(Science Advances, 2023).

Embora o estudo tenha recebido aceitação por grande parte da comunidade científica, houve quem expressasse ceticismo. Como sugerido pelo  Majid Ezzati biostatístico do Imperial College London, que "o aumento lento e constante no IMC pode simplesmente refletir um ganho de peso em taxas sub epidêmicas."(Science Advances, 2023).

Mas, independentemente das diferentes perspectivas, a essa pesquisa reabre o debate sobre a epidemia de obesidade, enfatizando a importância de considerar múltiplas causas e fatores históricos em sua origem.


Leia também: 



Referências:

  • Mads Møller Pedersen et al. Emergence of the obesity epidemic preceding the presumed obesogenic transformation of the society. Sci. Adv.9,eadg6237(2023).DOI:10.1126/sciadv.adg6237



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