As limitações do IMC (Índice de Massa Corporal) para dizer
se o peso de uma pessoa é saudável ou não são questionadas há bastante tempo
pela comunidade médica e científica. Porém, recentemente, o assunto foi tratado
em tópico de um documento divulgado de forma conjunta pela Federação Mundial do
Coração e pela Federação Mundial de Obesidade. Intitulado “Obesity and cardiovascular disease: mechanistic insights and management
strategies” (Obesidade e doença cardiovascular: insights mecanicistas e
estratégias de gerenciamento), o texto foi publicado no European Journal of Preventive Cardiology.
Recurso barato e de fácil obtenção, o IMC é o principal
indicador diagnóstico de sobrepeso usado na prática clínica. Porém, segundo o
estudo, a medida não é capaz de fornecer indicação precisa da massa ou
distribuição de gordura corporal. Isto pode ser uma barreira para o sucesso de
programas de melhoria da saúde focados na obesidade, principalmente no que diz
respeito à saúde do coração.
“Indivíduos com peso
normal podem ter sarcopenia com diminuição da massa muscular e aumento do
percentual de gordura corporal, mas ainda ser considerados como tendo um IMC
saudável. Isso é especialmente enganoso se eles tiverem adiposidade central
(concentração de gordura na região abdominal) e, consequentemente, apresentarem
maior risco de doenças cardiovasculares”, afirma o texto.
Pesquisas analisadas pelas federações demonstram que, entre
pessoas com IMC normal, a relação cintura-quadril (RCQ) fornece uma medida
robusta de adiposidade e associação de risco cardiovascular. “Um estudo
examinando dados de 15.184 pessoas incluídas na Terceira Pesquisa Nacional de
Saúde e Nutrição (NHANES III) nos Estados Unidos mostrou que a mortalidade
geral foi maior para indivíduos com IMC normal e obesidade central, em
comparação com aqueles com o mesmo IMC, mas sem adiposidade central...Esses
dados enfatizam o aumento do risco de morte e eventos cardiovasculares entre
pessoas com IMC normal, mas obesidade central (...)”.
O estudo sugere que medidas antropométricas complementares,
como de circunferência da cintura e análises de composição corporal, são úteis
para identificar pessoas com IMC normal e obesidade central, possibilitando investigação
mais aprofundada sobre fatores de risco cardiovascular, melhores estratégias de
manejo do problema e prevenção de consequências negativas futuras.
Atualmente, a obesidade representa uma crise global de saúde
pública que contribui para o aparecimento de diversas doenças, redução da
qualidade de vida e cerca de 2,8 milhões de mortes a cada ano no mundo.
Referência:
Obesity and
cardiovascular disease: mechanistic insights and management strategies. A joint
position paper by the World Heart Federation and World Obesity Federation. Para
ter acesso ao artigo na íntegra, clique aqui.
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