O medicamento VV116 (um análogo de remdesivir com biodisponibilidade oral e atividade potente contra SARS-CoV-2 em estudos em animais) não é inferior ao nirmatrelvir-ritonavir (combinação conhecida como Paxlovid, já em uso em diversos países) em relação ao tempo de recuperação clínica sustentada para adultos com Covid-19 leve a moderado em risco de progressão. A informação é de um estudo publicado no periódico New England Journal of Medicine, no último dia 28 de dezembro.
No estudo randomizado de fase 3, durante o surto causado pela variante B.1.1.529 (Ômicron), o tempo médio de recuperação clínica sustentada para o grupo VV116 foi de quatro dias, em comparação com cinco dias para aqueles que tomaram Paxlovid. Um total de 75,7% dos participantes estavam vacinados contra o SARS-CoV-2 no momento do estudo.
Adultos sintomáticos com Covid-19 leve a moderado e alto risco de progressão foram aleatoriamente designados para cinco dias de VV116 ou nirmatrelvir-ritonavir (384 e 387 pacientes, respectivamente). A recuperação clínica sustentada até o dia 28 foi examinada como o ponto final primário.
Os pesquisadores observaram que, na análise primária, a não inferioridade do VV116 em relação ao nirmatrelvir-ritonavir foi estabelecida com relação ao tempo para recuperação clínica sustentada e foi mantida na análise. Nesta, não houve diferença significativa observada entre os grupos no tempo para resolução sustentada dos sintomas (pontuação de 0 para cada um dos 11 sintomas-alvo relacionados à Covid-19 por dois dias consecutivos) ou para um primeiro teste positivo. Não houve relatos de mortes ou progressão para Covid-19 grave no dia 28 para os participantes em nenhum dos grupos.
Foram verificados menos eventos adversos no grupo VV116 do que no grupo nirmatrelvir-ritonavir. Ao contrário deste, que tem interações medicamentosas com vários medicamentos, o VV116 não interage com as principais enzimas metabolizadoras de medicamentos ou inibe os principais transportadores de medicamentos. Portanto, a interação com medicamentos concomitantes é menos provável.
Os cientistas reiteram a importância deste estudo, uma vez que a oferta global de Paxlovid está ficando aquém da demanda, o que aumenta a necessidade de novos medicamentos tão ou mais eficazes. No entanto, uma das limitações da pesquisa é que ele não foi passível de ser conduzido com um desenho duplo-cego e duplo simulado por que a produção do comprimido placebo para nirmatrelvir-ritonavir não foi concluída antes do início do ensaio devido ao surto de ômicron.
O estudo foi financiado pela Vigonvita Life Sciences, que é a própria fabricante do VV116.
Referência:
Zhujun Cao, Weiyi Gao, Hong Bao, et al. VV116 versus Nirmatrelvir–Ritonavir for Oral Treatment of Covid-19. New Engl Jour Med, December 28, 2022. DOI: 10.1056/NEJMoa2208822
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