Uma pesquisa feita pelo Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco (CEGH-CEL) revelou que os homens não são somente mais suscetíveis a casos graves de Covid-19 e, consequentemente, de virem a óbito, mas também são os principais transmissores do Sars-Cov-2. Este estudo contou com um levantamento epidemiológico envolvendo 1744 casais brasileiros, e ainda não foi revisado por pares (pré-print).
Os pesquisadores coletaram os dados entre julho de 2020 e julho de 2021 de casais que ainda não haviam sido vacinados e nos quais pelo menos um dos indivíduos havia apresentado sintomas e sido diagnosticado. Os casais foram então subdivididos em dois grandes grupos: um no qual ambos os cônjuges haviam sido infectados (concordante) e outro no qual um destes foi assintomático (discordante). Os dados observados mostram que os homens foram primeira ou unicamente infectados pelo vírus em ambos os grupos, com diferença estatisticamente significativa. Em casais homossexuais, também foi observada essa relação.
Os autores apresentam uma série de possíveis hipóteses para explicar tais resultados, como a maior carga viral na saliva de homens, em comparação com os indivíduos femininos. Isso coloca os homens na posição de "supertransmissores" (super-spreaders), de tal forma que os pesquisadores reforçam, na conclusão do artigo, a importância do uso da máscara.
Além disso, os pesquisadores relataram, em outro estudo, a presença de variantes genômicas envolvidas na produção de proteínas de processamento de antígenos, apresentação e modulação imunológica que tornariam seus portadores mais suscetíveis à infecção pelo vírus da Covid-19.
Artigo desenvolvido por Caroline Ahrens Ortolan
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Referências
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