Você também fica confuso com a sopa de letrinhas e números que envolve a nomenclatura das variantes do vírus da Covid-19? Assim como todos os vírus, o Sars-Cov-2 sofre mutações em seu material genético e, com isso, suas características bioquímicas e morfofisiológicas também podem sofrer alterações. Quanto mais oportunidades de se disseminar o vírus tem, mais ele se replica e consequentemente maiores são as possibilidades de mutações genéticas, em especial naqueles que, como o vírus da Covid-19 armazenam suas informações genéticas em RNA. Baseados na publicação da Organização Mundial da Saúde de 31 de maio, que atualizou a nomenclatura das variantes do Sars-Cov-2, fizemos este resumo das principais informações.
As cepas virais do Sars-Cov-2 são divididas em Variantes de Interesse (VOIs) e Variantes de Preocupação (VOCs), de forma a otimizar as pesquisas globais e monitoramento e manter clareza sobre as respostas em andamento frente à pandemia. São utilizadas letras do alfabeto grego na nomeação das variantes para facilitar a pronúncia e evitar confusões em comparação aos nomes científicos, e também para evitar estigmas e preconceitos que podem existir quando os locais de origem das mutações são empregados.
As Variantes de Preocupação (VOCs) são aquelas que apresentam pelo menos uma das seguintes alterações em nível significativo de forma global: aumento de transmissibilidade ou alteração prejudicial da epidemiologia da doença; ou aumento na virulência ou modificações na apresentação clínica da doença; ou diminuição da eficácia de medidas de saúde pública ou de diagnóstico, vacinas ou tratamentos disponíveis. A tabela na qual estas variantes estão especificadas encontra-se abaixo:
Fonte: Organização Mundial da Saúde.
As Variantes de Interesse (VOIs), por outro lado, são aquelas nas quais há mutações genômicas que modifiquem o fenótipo viral e pelo menos uma das seguintes características: ter sido identificada como causadora de transmissão comunitária, de múltiplos casos ou de clusters (agrupamentos de casos) de Covid-19 ou tiver sido detectada em vários países; ou ser de outra forma avaliada como uma VOI pela OMS em consulta com o Grupo de Trabalho de Evolução do Vírus SARS-CoV-2. Estas estão descritas na tabela abaixo:
Fonte: Organização Mundial da Saúde.
E o que dizem os estudos das vacinas sobre as novas variantes? Uma pesquisa publicada em julho na revista New England Journal of Medicine demonstrou que as vacinas da Pfizer e AstraZeneca são eficazes contra a variante Delta (B.1.617.2) do Coronavírus, indicando que estas são capazes de gerar uma resposta imune de até 88% no caso da Pfizer após a segunda dose.
A vacina Oxford/AstraZeneca e produzida pela Fiocruz demonstrou satisfatória eficácia contra esta mutação do Sars-CoV-2, porém na ordem de apenas 67% de eficácia com as duas aplicações. Os pesquisadores também consideraram a administração de uma única dose contra as variantes Alfa e Delta, sendo que apenas uma dose da Pfizer é capaz de gerar 49% e 31% de resposta, respectivamente.
As outras vacinas disponíveis ainda estão em fase de pesquisa para a verificação de eficácia sobre as principais cepas circulantes.
Texto desenvolvido por Caroline Ahrens Ortolano, colaboradora da Academia Médica.
Referências:
Lopez Bernal J, Andrews N, Gower C, Gallagher E, Simmons R, Thelwall S, Stowe J, Tessier E, Groves N, Dabrera G, Myers R, Campbell CNJ, Amirthalingam G, Edmunds M, Zambon M, Brown KE, Hopkins S, Chand M, Ramsay M. Effectiveness of Covid-19 Vaccines against the B.1.617.2 (Delta) Variant. N Engl J Med. 2021 Aug 12;385(7):585-594. doi: 10.1056/NEJMoa2108891. Epub 2021 Jul 21. PMID: 34289274; PMCID: PMC8314739.
WHO. The effects of virus variants on COVID-19 vaccines. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/feature-stories/detail/the-effects-of-virus-variants-on-covid-19-vaccines?gclid=CjwKCAjw47eFBhA9EiwAy8kzNIoJrQIt73nEfA4gR-J8MhMmplc9VpJ7L0njnVoy8-YBY6WnTD5MGxoCPi0QAvD_BwE>.