A extubação paliativa, um procedimento no qual se retira a ventilação mecânica invasiva de pacientes em estágio final de vida, é uma prática estabelecida globalmente, mas que ainda enfrenta resistências em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Recentemente, o Journal of The Brazilian Medical Association publicou um estudo detalhado sobre a experiência de um hospital comunitário da cidade de Porto Alegre Brasil, ao implementar um protocolo local de extubação paliativa.
Neste estudo de coorte prospectivo, realizado entre agosto de 2019 e julho de 2020, 18 pacientes passaram por extubação paliativa protocolizada em uma unidade de terapia intensiva (UTI) de 10 leitos, localizada em um hospital público de 100 leitos. O protocolo foi elaborado pela equipe interdisciplinar da UTI, e a decisão de prosseguir com a extubação paliativa foi tomada após duas conferências separadas com os familiares do paciente. Durante o processo, a ventilação mecânica e outras intervenções de manutenção da vida foram gradualmente reduzidas, e os opiáceos foram usados para minimizar a angústia respiratória. O tempo entre a extubação paliativa e a morte no hospital variou de 10 minutos a 11 dias.
Este estudo é particularmente relevante para o contexto brasileiro, onde, segundo pesquisas, muitos médicos da UTI evitam a extubação paliativa por medo de processos judiciais, mesmo tendo recebido treinamento específico em cuidados paliativos. No entanto, a experiência do hospital comunitário demonstra que a extubação paliativa, quando realizada seguindo um protocolo rigoroso e cuidadosamente planejado, não está necessariamente associada à morte imediata e pode proporcionar aos pacientes um fim de vida dignificado.
O sucesso deste protocolo reflete a importância da educação e treinamento contínuos dos profissionais de saúde em cuidados paliativos. Nesse sentido, a Academia Médica tem sido pioneira na educação médica e aproveita para destacar seu curso sobre "Reflexões vitais sobre a morte", que aborda a morte e o morrer de várias perspectivas, explorando a terminalidade, os cuidados paliativos e a busca por sentido na morte.
Na aula 15 do curso, intitulada "Cuidados Paliativos: Conceitos e Fim de Vida", o conteúdo é particularmente relevante para o tópico da extubação paliativa, pois aborda um dos maiores desafios nos cuidados paliativos no fim da vida - a comunicação efetiva entre pacientes, familiares ou cuidadores e equipes de saúde.
A combinação da prática clínica apresentada no estudo, com a educação continuada oferecida pela Academia Médica serve como um modelo inspirador para enfrentar a complexa questão dos cuidados paliativos e da extubação paliativa no Brasil. Ao adotar os princípios de cuidados paliativos na prática diária e promover a educação nesta área, podemos avançar na promoção de um cuidado de fim de vida mais humano e acessível.
A extubação paliativa é uma prática complexa que exige compreensão profunda, comunicação efetiva e sensibilidade às necessidades do paciente e de seus entes queridos. Esperamos que este texto tenha proporcionado uma visão significativa desta prática e dos desafios que ela apresenta.
Para mais informações, convidamos você a ler a pesquisa completa no "Journal of The Brazilian Medical Association". Além disso, se você está buscando ampliar seus conhecimentos e competências no campo dos cuidados paliativos, reflexões de outros temas relacionados a morte, nós encorajamos você a se inscrever no curso "Reflexões Vitais sobre a Morte" oferecido pela Academia Médica.
O curso aborda múltiplas perspectivas sobre a morte, terminalidade, cuidados paliativos e a busca de sentido sobre a morte. É uma oportunidade valiosa para se aprofundar no tópico e desenvolver habilidades essenciais para o atendimento compassivo e eficaz dos pacientes em fim de vida.
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Referência:
Ana Carolina Peçanha Antonio* , Juliana Peçanha Antonio. Palliative extubation experience in a community hospital in southern Brazil. Journal of The Brazilian Medical Association. Volume 69, Number 6, June 2023. Pg 43-4. ISSN 1806-9282 (On-line).