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A Morte de Ivan Ilitch e a Educação Médica

A Morte de Ivan Ilitch e a Educação Médica
Elaine Souza
nov. 1 - 3 min de leitura
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Você já pensou na morte? Como você, profissional da saúde, lida com as angústias, medos e anseios dos pacientes graves e em estado terminal? Qual será o limite entre a medicina e o que ela pode oferecer e as reais necessidades do enfermo?

Um dos maiores nomes da literatura russa, Leon Tolstói, autor dos clássicos “Guerra e Paz” e “Ana Karenina” é também o nome por trás do famoso “A Morte de Ivan Ilitch”, no qual o autor aborda com maestria a inevitável finitude da vida humana.

Sucinto, porém de profundidade ímpar, essa novela nos apresenta o burocrata Ivan Ilitch, um personagem repleto de traços de realismo: homem comum de sua classe social, sem grandes feitos, sem ambições grandiosas ou originais, que constrói sua vida em meio às convenções sociais, sem sonhos de grandes aventuras ou amores: uma vida de futilidades.

Ivan Ilitch viveu ao modo esperado pela a sociedade da época, se via como um homem de sucesso e invejado, e sentia certo prazer em estar em posição de poder, como juiz.  Tudo isso muda quando ele adoece. É nesse momento que o brilhantismo e profundidade de Tolstói se manifesta. Ilitch muda completamente a sua visão de mundo e somos levados ao lugar do protagonista: sabemos que iremos morrer um dia, mas nunca pensamos nisso e a angústia, arrependimentos, ressentimentos e medos da personagem chegam a ser quase palpáveis.  

Ivan Ilitch passa a perceber a mediocridade das suas escolhas, das suas ambições vazias e convenções sociais sem sentido. E nesse contexto, o papel do seu médico só contribuiu para as suas frustações e tormentos. Ivan ansiava por compreender a patologia da qual padecera, esperava saber acerca da gravidade do seu quadro, mas seus esforços foram em vão.

Especialmente para profissionais da saúde, essa obra nos leva a pensar na importância de dar espaço às necessidades do paciente, dar valor aos seus questionamentos e aflições. O valor da escuta e como uma comunicação clara e compreensível pode influenciar a relação do enfermo com o processo de adoecimento e morte. Tolstói consegue nos tocar, nos colocar na pele do enfermo, nos oferecendo uma oportunidade de reflexão e transformação acerca dos nossos conceitos sobre a vida e a morte.

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