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Gabinete de Curiosidades Médicas: o legado de Mary Anning.

Gabinete de Curiosidades Médicas: o legado de Mary Anning.
Jocê Rodrigues
set. 10 - 4 min de leitura
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 Bem-vindos à série "Gabinete de Curiosidades Médicas"! Aqui você vai encontrar fatos curiosos, sombrios ou interessantes sobre a história da medicina e das artes. Prepare-se para um encontro inesperado com médicos, escultores, pintores, filósofos que se unem para contar um pouco das inusitadas intersecções, costuras e remendos entre ciência, medicina e literatura no Século XIX.

Vamos lá?

Na medicina, assim como em qualquer outra área da ciência, as descobertas são constantes. Nada está definitivamente fechado e, na medida em que novas informações são adquiridas, novas hipóteses e abordagens se fazem igualmente necessárias. E essas informações chegam literalmente de todos lados e, uma vez ou outra, elas podem  ser trazidas até nós em verdadeiras cápsulas do tempo. Como os fósseis, por exemplo.

Existem pelo menos 3 registros de câncer em dinossauros. Uma doença que é difícil de identificar nos restos mortais dos antigos reis da Terra, e que por isso precisa da colaboração de pesquisadores da área da saúde. Uma das últimas descobertas diz respeito a vestígios de uma doença conhecida como LCH nos fósseis de um dinossauro de 66 milhões de anos.

Essa rara e dolorosa doença que ataca os ossos ainda gera discussão entre os especialistas se pode ou não ser considerada um câncer. No entanto,  continua a afetar seres humanos até hoje e é encontrada principalmente em crianças, principalmente do sexo masculino. 

Pesquisas desse tipo não só ajudam a traçar as origens e a trajetória de uma doença, como também podem trazer novos insights sobre o modo de combatê-la. Mas isso só acontece por conta da colaboração, neste caso entre as ciências da saúde e a paleontologia.

Assim como a maioria das áreas científicas, em seu início a paleontologia era dominada pelo sexo masculino. Mas foi necessário uma mulher para ensinar ao mundo como ela funcionava de fato.

Em 1811, quando contava apenas com 12 anos de idade e de origem pobre, Mary Anning já caçava fósseis nas praias de Lyme Regis, na Inglaterra. Através dos anos, ela foi responsável por descobertas que abriram caminho para o desenvolvimento formal da paleontologia, encontrando animais inteiros e reforçando a ideia da teoria das grandes extinções.

Sem educação formal, Anning estudou por conta própria e era versada em geologia e ilustração científica. Como não podia lecionar ou publicar artigos, ela mais tarde abriu a própria oficina para vender os fósseis que encontrava para outros paleontólogos  e colecionadores ricos, ensinando tudo o que sabia sobre elas.

Por um período de tempo, Mary trabalhou também com Richard Owens, o famoso biólogo britânico que em 1841 foi responsável por cunhar o termo “dinossauro”.

Durante a vida Anning fez inúmeras contribuições de peso para a ciência, mas por conta do fato de ser mulher naquela época, ficou relegada ao esquecimento, enquanto pesquisadores menos talentosos ascendiam à fama usando suas descobertas. Somente muito tempo depois de sua morte é que ela começou a ser reconhecida por seu empenho e descobertas indispensáveis.

Então, da próxima vez que você vir um fóssil, visitar uma exposição sobre dinossauros ou ler sobre novas informações de uma doença vinda de milhões de anos atrás, lembre-se de que nada disso seria possível sem os esforços pioneiros de Mary Anning.

Agora, repita comigo: she sells seashells by the seashore.

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