Com a tecnologia, tornou-se possível entender o funcionamento neural dos pacientes que não conseguem se comunicar devido à alguma limitação.
O que você verá neste texto :
- O que são paralisias cerebrais e a Esclerose Lateral Amiotrófica
- A tecnologia - por qual meio os cientistas chegaram a rede neural
- Como o paciente reagiu à terapia
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa que leva à perda progressiva da função muscular voluntária do corpo. Com a progressão da doença, a pessoa afetada perde a capacidade de movimentar todos os seus músculos do corpo e por isso para de respirar devido à paralisia do diafragma, podendo evoluir para o estado de encarceramento. Na maioria das vezes, esses pacientes não conseguem mais falar e tornam-se dependente de dispositivos de comunicação assistida e aumentativa.
Um estudo publicado da Nature estabeleceu que um paciente em estado de encarceramento conseguiu se comunicar em nível de sentença usando um computador de interface cerebral sem depender da visão e movimento ocular do paciente. Para isso, os pesquisadores, com o consentimento dos familiares, implantaram matrizes de microeletrodos intracorticais no giro pré-central e no giro frontal superior do córtex motor do paciente.
O funcionamento do implante
O implante intracortical é baseado em picos neurais voluntariamente modulados no córtex motor usando o mecanismo de neurofeedback guiado por audição com os olhos fechados para selecionar letras e formar palavras e frases.
Os sinais neurais, captados pelo implante, foram pré-processados em um processador de sinais neurais e posteriormente decodificados em um computador. Com isso, os cientistas conseguiram interpretar as ondas de neuromodulação e definir um padrão de resposta de acordo com o nível de resposta a estimulação do paciente. Para treinar e avaliar o progresso do paciente, os autores do artigo realizaram sessões de comunicação com o paciente a cada duas semanas durante 3 ou 4 dias consecutivos.
Em relação à acurácia do processo, o paciente manteve um alto nível na condição de neurofeedback durante todo o período relatado: em 52,6% dos dias, a acurácia foi de pelo menos 90% durante pelo menos uma das etapas de testes de feedback, ou seja, o paciente conseguiu igualar a frequência do feedback para o alvo em 18 a 20 vezes.
Progresso da resposta à terapia
Com esse progresso e treinamento, o paciente que nos três primeiros dias aprendeu a soletrar as palavras e frases, escreveu corretamente o seu próprio nome, o do filho e o da esposa. E, com a persistência do treino, no 107º dia após a implantação soletrou frases em três episódios, agradecendo aos autores e suas equipes. Além disso, elaborou muitas comunicações sobre seu cuidado físico, como postura na casa, como gostaria de ser posicionado, quais eram seus desejos de alimentação e também pedindo para assistir filmes e desenhos animados com seu filho.
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Referência
- Chaudhary, U., Vlachos, I., Zimmermann, JB et ai. Interface de ortografia usando sinais intracorticais em um paciente completamente bloqueado habilitado por meio de treinamento de neurofeedback auditivo. Nat Commun 13, 1236 (2022). Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41467-022-28859-8. Acesso em 24 de março de 2022.