O câncer endometrial ocupa a sexta posição entre os tipos de câncer mais prevalentes em mulheres ao redor do mundo. Esta posição sublinha a necessidade de intensificar as pesquisas e estudos nesse domínio, a fim de aprofundar nossa compreensão e desenvolver estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento.
Um estudo publicado em JAMA Network Open, em 05 de setembro de 2023, envolveu 332.625 mulheres oriundas de 13 diferentes estudos de coorte. Ao longo da pesquisa, foram identificados 1.005 casos de câncer endometrial. De forma reveladora, a análise mostrou que a paridade, ou seja, ter tido filhos, desempenhou um papel protetor notável. As mulheres que haviam estado grávidas pelo menos uma vez tiveram um risco substancialmente menor em comparação com as que nunca engravidaram. Além disso, houve uma tendência clara: quanto maior o número de partos, menor o risco associado ao câncer endometrial.
A idade de início da menstruação e a idade de entrada na menopausa também emergiram como fatores significativos. Mulheres que tiveram a menarca em idades mais avançadas e que entraram na menopausa mais cedo apresentaram uma tendência de menor risco. Para exemplificar com os dados: as que iniciaram a menarca aos 17 anos ou mais tiveram um risco menor do que aquelas que começaram antes dos 13 anos. Por outro lado, aquelas que entraram na menopausa após os 55 anos exibiram um risco consideravelmente mais alto em comparação com mulheres que se tornaram menopáusicas antes dos 45 anos.
Na tabela abaixo, extraída do estudo Reproductive Factors and Endometrial Cancer Risk Among Women, são apresentados os fatores reprodutivos associados ao risco de câncer endometrial.
Fonte: JAMA Netw Open, 2023. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.32296
No entanto, é crucial destacar que nem todos os fatores reprodutivos analisados demonstraram uma associação direta com o risco de câncer endometrial. A idade do primeiro parto, o uso de terapia hormonal e a prática de amamentação, por exemplo, não mostraram uma relação conclusiva neste estudo.
Na tabela seguinte, também extraida do estudo, é evidenciado uma análise estratificada que relaciona fatores reprodutivos ao risco de câncer endometrial, considerando o Índice de Massa Corporal (BMI), status menopausal e paridade. Os modelos para uso de terapia hormonal (HT) e amamentação abrangeram 8 e 7 coortes, respectivamente. Todos os modelos foram ajustados por diversas variáveis, excluindo a de estratificação. Detalhes adicionais encontram-se na eTabela 3 do Suplemento 1 do estudo original (link de acesso).
Fonte: JAMA Netw Open, 2023. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.32296
Em meio às contribuições deste estudo, o ponto de ampliação da conscientização se destaca particularmente. A informação é uma ferramenta poderosa na prevenção de doenças, e ao lançar luz sobre os riscos associados ao câncer endometrial, este estudo fornece uma base sólida para campanhas educacionais e de conscientização. É essencial que as mulheres estejam cientes não apenas dos fatores de risco, mas também da importância do rastreamento regular. O rastreamento precoce do câncer endometrial aumenta as chances de tratamento eficaz. Conscientizar sobre sua importância, aliado ao entendimento dos fatores de risco, é vital para reduzir sua incidência e mortalidade.
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Referência:
Katagiri R, Iwasaki M, Abe SK, et al. Reproductive Factors and Endometrial Cancer Risk Among Women. JAMA Netw Open. 2023;6(9):e2332296. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.32296