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Uso de psicotrópicos em crianças e adolescentes com diabete tipo 1: implicações e preocupações

Uso de psicotrópicos em crianças e adolescentes com diabete tipo 1: implicações e preocupações
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out. 4 - 5 min de leitura
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O diabete tipo 1 (T1D) é uma das condições crônicas mais comuns que surgem na infância. Consequentemente, crianças e adolescentes diagnosticados com T1D estão sob um risco elevado de desenvolver distúrbios psiquiátricos. Isso não apenas complica a gestão do diabete, mas também pode afetar negativamente os resultados ao longo da vida do paciente.

A solução frequentemente buscada para tratar distúrbios psiquiátricos é o uso de medicamentos psicotrópicos. Estes medicamentos são eficazes no tratamento de condições como depressão, ansiedade e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). No entanto, eles não estão isentos de preocupações, especialmente quando usados ​​por crianças e adolescentes com T1D.

Vários antipsicóticos, estabilizadores de humor e antidepressivos foram associados a efeitos metabólicos adversos, como ganho de peso, hiperlipidemia e resistência à insulina. Além disso, problemas gastrointestinais como náuseas e alterações no apetite são efeitos colaterais frequentemente relatados destes medicamentos. Para pacientes jovens com T1D, esses efeitos adversos podem complicar ainda mais os seus quadros clínicos.

Em um estudo realizado na Suécia, publicado em JAMA Pediatrics em 03 de outubro de 2023, foi analisado o uso de medicamentos psicotrópicos em crianças e adolescentes com T1D entre 2006 e 2019. Os resultados mostraram um aumento notável na prescrição desses medicamentos em crianças e adolescentes com T1D. Em particular, medicamentos como antidepressivos, hipnóticos, medicamentos para TDAH e ansiolíticos mostraram um aumento significativo na sua prescrição. O estudo também descobriu que jovens com T1D eram mais propensos a iniciar tratamentos psicotrópicos do que seus pares sem T1D.

A figura abaixo, expõe as tendências de fornecimento de qualquer medicamento psicotrópico em crianças e adolescentes com e sem Diabetes Tipo 1 ao longo dos anos de investigação: 

Fonte:  JAMA Netw Open.doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36621

Na tabela a seguir, temos uma visão detalhada dos padrões de medicamentos psicotrópicos e diagnósticos de transtornos psiquiátricos e neurodesenvolvimentais dos indivíduos com diabete tipo 1 entre o período investigado, 2006-2019.

Fonte:  JAMA Netw Open.doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36621

A ascensão no uso destes medicamentos está em consonância com as tendências observadas na população pediátrica, em geral. No entanto, o que é preocupante é que uma proporção significativa desses jovens continuou a receber medicamentos como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) , hipnóticos e ansiolíticos por mais de 12 meses. Essa descoberta levanta questões sobre a severidade e persistência dos sintomas que necessitam de tratamento intensivo e as implicações de tais tratamentos no manejo da diabete.

Outra observação feita pelos pesquisadores, foi sobre o aumento quase dez vezes na dispensação de medicamentos para TDAH para crianças e adolescentes com T1D durante o período do estudo. Embora a conexão entre T1D e TDAH ainda seja objeto de investigação, o estudo sugere que os pacientes com T1D podem ter maior probabilidade de receber um diagnóstico oportuno devido aos seus contatos frequentes com profissionais de saúde.

Na figura a seguir, é possível visualizar a prevalência anual do fornecimento de grupos específicos de medicamentos psicotrópicos ao longo do período de 2006 a 2019.

Fonte:  JAMA Netw Open.doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36621

Os resultados deste estudo, sublinham a importância de uma abordagem integrada no tratamento de crianças e adolescentes com T1D. Os cuidados com diabete pediátrico e os profissionais de saúde mental devem trabalhar em estreita colaboração para rastrear e gerenciar as necessidades psicológicas desses pacientes. Além disso, deve haver um acompanhamento rigoroso para avaliar a eficácia do tratamento e monitorar a glicemia e os perfis metabólicos dos pacientes.

Em resumo, o estudo sublinha que enquanto os medicamentos psicotrópicos podem oferecer alívio para os distúrbios psiquiátricos, seu uso em jovens com T1D deve ser feito com cautela. É essencial avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios garantindo, ao mesmo tempo, uma gestão otimizada da diabete e melhores resultados de saúde para esses pacientes.



Leia também: 


Referência: 

Liu S, Lagerberg T, Ludvigsson JF, et al. Psychotropic Medication Use in Children and Adolescents With Type 1 Diabetes. JAMA Netw Open. 2023;6(10):e2336621. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.36621


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