Medicamentos das classes agonistas do GLP-1 e inibidores da SGLT2 podem fornecer benefícios significativos, mas também trazer problemas de saúde, segundo estudo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.
Os medicamentos estão sendo prescritos off-label para alguns pacientes com diabetes tipo 1, como forma de ajudar no controle de açúcar no sangue. Quando prescritas para pacientes com diabetes tipo 2, ambas as classes de medicamentos demonstraram diminuir o risco de eventos cardíacos e renais e ajudar a promover a perda de peso. Esses efeitos também beneficiariam muito os pacientes com diabetes tipo 1.
A relação risco-benefício dos medicamentos não foi totalmente avaliada na população de pacientes. Porém, sabe-se que como efeito adverso as duas classes medicamentosas têm sido associadas ao aumento do risco de hipoglicemia grave e cetoacidose diabética quando usadas em pacientes com diabetes tipo 1.
Como os efeitos positivos e negativos dos agonistas do GLP-1 e inibidores da SGLT2 foram demonstrados em ensaios clínicos estritamente regulamentados, seus efeitos no mundo real não são claros. Por isso, no estudo, os pesquisadores analisaram o prontuário médico de pacientes com diabetes tipo 1 que usaram qualquer desses remédios por pelo menos noventa dias.
A pesquisa revelou que de 104 pacientes, 65 usaram agonistas do GLP-1 exclusivamente, 28 usaram inibidores da SGLT2 exclusivamente e 11 usaram ambos simultaneamente ou sequencialmente. Após um ano de consumo, os pacientes em terapia com agonistas do GLP-1 tiveram reduções significativas no peso, hemoglobina glicada A1c e dose diária total de insulina. Os usuários de inibidores da SGLT2 tiveram reduções significativas na hemoglobina A1C e na insulina basal, uma dose inicial administrada fora das refeições.
Apesar do resultado positivo, os usuários do iSGLT2 eram cerca de três vezes mais propensos a desenvolver cetoacidose diabética. Pouco mais de um quarto dos pacientes que tomavam qualquer classe de medicamentos pararam devido a efeitos colaterais, como problemas gastrointestinais.
Segundo os autores do estudo, ambos os medicamentos podem ser benéficos para pacientes com diabetes tipo 1, mas é necessário um monitoramento rigoroso. Especificamente ao usar iSGLT2, recomenda-se extremo cuidado na seleção de pacientes com o menor risco de cetoacidose diabética, realizando educação detalhada sobre o risco de desenvolver essa patologia e garantindo monitoramento cuidadoso para prevenir sua ocorrência.
Referência:
Khary Edwards et al, Clinical and Safety Outcomes With GLP-1 Receptor Agonists and SGLT2 Inhibitors in Type 1 Diabetes: A Real-World Study, The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (2022). DOI: 10.1210/clinem/dgac618
Leia também:
- Redução de sal e menor risco de doença renal crônica entre diabéticos
- Falha da monoterapia inicial com metformina para diabetes
- Cresce o número de jovens com diabetes tipo 2
- Diabetes tipo 2! A batata nem sempre é vilã