Entre os diferentes tipos de diabetes, o de tipo 2
é tradicionalmente considerado um distúrbio metabólico em pessoas de meia-idade
e idosos e acarreta riscos aumentados de complicações graves, incluindo doenças
cardíacas, perda de visão e morte. Até pouco tempo, raramente era observado em
adolescentes e adultos jovens. Porém, nas últimas décadas, o início precoce do
problema tornou-se cada vez mais comum.
Estudo publicado em 07 de dezembro no periódico The BMJ demonstrou que as taxas de
diabetes tipo 2 em adolescentes e jovens adultos em todo o mundo aumentaram
substancialmente de 1990 a 2019. Os resultados mostram que países com índice
sociodemográfico baixo-médio e médio e mulheres com menos de 30 anos foram
particularmente afetados. O alto índice de massa corporal foi o principal fator
de risco atribuível em todos os países.
Os autores do artigo usaram dados do Global Burden of Disease Study 2019 para
estimar novos casos (incidência), mortes e anos de vida ajustados por
incapacidade (DALYs) – uma medida combinada de quantidade e qualidade de vida –
devido ao diabetes tipo 2 em adolescentes e adultos jovens (pessoas com idades
entre 15 e 39 anos) de 204 países e territórios, entre 1990 e 2019. Eles também
examinaram o DALY proporcional atribuível a diferentes fatores de risco, sendo
que os dados foram avaliados por idade, sexo e índice sociodemográfico.
Os resultados mostram que, ao redor do mundo, a
taxa de incidência padronizada por idade para diabetes tipo 2 em adolescentes e
adultos jovens aumentou de 117 por 100.000 habitantes em 1990 para 183 em 2019.
A taxa DALY padronizada por idade aumentou de 106 por 100.000 em 1990 para 150
por 100.000 em 2019. A taxa de mortalidade por idade aumentou modestamente, de
0,74 por 100.000 em 1990 para 0,77 por 100.000 em 2019.
Quando os países foram agrupados de acordo com os
índices sociodemográficos, os países com índice sociodemográfico baixo-médio e
médio tiveram a maior taxa de incidência por idade e DALYs por idade em 2019,
enquanto os países com baixo índice sociodemográfico tiveram a menor taxa de
incidência por idade, mas a maior taxa de mortalidade padronizada por
idade.
Pacientes do sexo feminino apresentaram taxas de
mortalidade e DALYs mais altas do que homens com menos de 30 anos, mas as
diferenças entre os sexos foram revertidas naquelas com mais de 30 anos, exceto
em países com baixo índice sociodemográfico.
Os pesquisadores buscaram avaliar a contribuição de
fatores de risco entre as regiões. Eles observaram proporções mais altas de
poluição do ar por partículas (12% x 7%), consumo de carne vermelha (11%
x 3%) e de bebidas açucaradas (9% x 2%) e tabagismo (13% x 4%) em
países com alto índice sociodemográfico e proporções mais altas de poluição do
ar proveniente da queima de combustíveis sólidos (17% x 0,07%) e dieta pobre em
frutas (9% x 6%) em países com baixo índice sociodemográfico.
No entanto, o fator que foi mais proeminente foi o
elevado índice de massa corporal, que teve contribuição média de cerca de 70%.
A contribuição dos diferentes fatores de risco não variou com a idade, exceto
pelo alto índice de massa corporal, que teve uma tendência crescente.
Os pesquisadores argumentam que o controle de peso
é essencial para reduzir o ônus do diabetes tipo 2 de início precoce, mas os
países devem estabelecer políticas específicas para lidar com o problema de
maneira mais eficaz. Em 2021, cerca de 537 milhões de adultos (20-79 anos)
viviam com a doença. Em 2045, a previsão é que o número aumente para cerca de
783 milhões de pessoas.
Algumas limitações do estudo são apontadas, como
diferenças na definição de diabetes tipo 2 e uma alta probabilidade de
subdiagnóstico em muitos países. Embora várias técnicas tenham sido usadas para
reduzir o viés e a imprecisão nos dados, o viés não pode ser totalmente
descartado.
No entanto, eles apontam que avaliaram de forma
abrangente as tendências temporais globais, regionais e nacionais para o
diabetes tipo 2 de início precoce e as contribuições correspondentes dos
fatores de risco com base no Global
Burden of Disease Study 2019.
Referência:
Xie J, Wang M, Long Z, Ning H, Li J, Cao Y et al. Global
burden of type 2 diabetes in adolescents and young adults, 1990-2019: systematic
analysis of the Global Burden of Disease Study 2019 BMJ 2022; 379 :e072385
doi:10.1136/bmj-2022-072385
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