Baseados em estudos anteriores que investigaram a capacidade
de remédios para diabetes regularem a resposta imunológica, pesquisadores da
Fiocruz Bahia realizaram um estudo para entender como a pioglitazona,
medicamento antidiabético, pode auxiliar no tratamento da leishmaniose cutânea.
Os resultados mostraram que a pioglitazona não apenas
diminui a resposta inflamatória, como também não interfere na capacidade do
sistema imune de combater a Leishmania. O estudo, liderado pelo pesquisador da
Fiocruz Bahia, Lucas Carvalho, foi publicado na revista Frontiers in Cellular
and Infection Microbiology.
A pioglitazona é uma droga que funciona como um
sensibilizador de insulina no tecido hepático, através do receptor
receptor-gamma ativado por proliferador de peroxissoma (em inglês, representado
pela sigla PPAR-g). Os pesquisadores conjecturaram que esse processo também
poderia afetar células presentes na resposta imune exagerada ao protozoário
Leishmania.
Pacientes portadores da leishmaniose cutânea desenvolvem
úlceras e danos ao tecido da pele por conta de uma resposta inflamatória
exagerada do sistema imune. Segundo os pesquisadores, os níveis de produção de
mediadores inflamatórios em células infectadas por Leishmania braziliensis são
maiores, contribuindo assim para o processo de destruição tecidual.
Foram selecionadas para análise 12 proteínas relacionadas a
resposta inflamatória causada pela doença. O estudo ocorreu por meio da análise
de monócitos humanos, recolhidos de portadores da leishmaniose cutânea e de
indivíduos saudáveis. Foi observada a
interação do medicamento com estes marcadores inflamatórios. Os resultados
sugerem que a ativação do PPAR-g por meio da pioglitazona inibe o estímulo das
citocinas, auxiliando a controlar a resposta inflamatória, assim como controla
a secreção dos receptores de citocinas.
Também foi mostrado que a pioglitazona não tem efeito tóxico
nas células de pacientes com a leishmaniose cutânea. Além disso, essa droga não
interfere na capacidade dos macrofágos destruírem Leishmania, tornando-se uma
potencial candidata para integrar o tratamento da doença. Segundo os
pesquisadores, já há tentativas de desenvolver uma fórmula que permita o uso
tópico da medicação. Através desse uso, espera-se que os efeitos causados pela
droga, como o aumento da sensibilidade à insulina, não acarretem prejuízos para
o organismo.
Fonte: Fiocruz Bahia
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