Publicado no
American Journal of Preventive Medicine, estudo brasileiro descobriu que o
aumento do consumo de alimentos ultraprocessados foi associado a mais de 10%
das mortes prematuras e evitáveis por todas as causas no Brasil em 2019, mesmo
com a população brasileira consumindo
muito menos desses produtos do que países desenvolvidos.
Os alimentos
ultraprocessados são formulações industriais prontas para consumo ou para
aquecer e consumir, que são elaboradas com ingredientes extraídos de alimentos
ou são sintetizados em laboratórios. Por sua facilidade e comodidade no
consumo, os ultraprocessados vêm, em muitos países, substituindo gradativamente
os alimentos e refeições tradicionais feitos com ingredientes in natura e
minimamente processados.
Alguns exemplos
dos ultraprocessados são: sopas pré-embaladas, molhos prontos, pizza congelada,
carnes prontas para o consumo, cachorro-quente, salcichas, refrigerantes,
sorvetes, biscoitos, bolos, doces e donuts comprados em lojas.
Durante o
período analisado no estudo, houve aumento de 8% no consumo de alimentos
ultraprocessados no Brasil. Além disso, 541.260 adultos com idade entre 30 e 69
anos morreram prematuramente em 2019, sendo que 261.061 dessas novas mortes
eram de doenças evitáveis e não transmissíveis, como diabetes, doença
cardiovascular e câncer.
Segundo o
estudo, cerca de 57 mil mortes em 2019 poderiam ser atribuídas ao consumo de
ultraprocessados, correspondendo a 10,5% das mortes prematuras naquele ano e
21,8% de todas as mortes de doenças evitáveis e não transmissíveis em adultos
de 30 a 69 anos. Os pesquisadores responsáveis afirmaram que em países
desenvolvidos com Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália, onde o
consumo de ultraprocessados é maior, o impacto estimado também é maior.
Segundo os
autores, a redução do consumo de ultraprocessados entre 10% e 50% poderia
prevenir entre 5.900 e 29.300 mortes prematuras no Brasil por ano. Os autores
ressaltam que o consumo de ultraprocessados está associado a muitos desfechos
de doenças, como obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de
câncer e outras doenças. Vários mecanismos para as associações foram postulados
pelos pesquisadores, incluindo atributos típicos dos ultraprocessados, como
baixo potencial de saciedade, altas cargas glicêmicas, maior presença de
aditivos e contaminantes recém-formados durante o processamento ou liberados de
embalagens sintéticas.
Além disso, os
ultraprocessados têm sido associados com a deterioração geral da qualidade
nutricional da dieta e aumento do risco de obesidade.
Referência:
Premature
Deaths Attributable to the Consumption of Ultraprocessed Foods in Brazil,
American Journal of Preventive Medicine (2022).
DOI: 10.1016/j.amepre.2022.08.013
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