A pré-eclâmpsia é uma complicação potencialmente letal da gravidez, marcada por pressão alta e danos nos órgãos que surgem no final da gravidez ou logo após o parto. Em todo o mundo, é uma causa significativa de morte materna e fetal e também de parto prematuro. Crianças nascidas de mães com pré-eclâmpsia também correm um risco elevado de ter pressão arterial mais alta e outros parâmetros cardiometabólicos anormais. Nos Estados Unidos, a pré-eclâmpsia ocorre em cerca de 2% a 6% das mulheres e duas vezes mais em mulheres negras em comparação com outras etnias.
Um estudo realizado por pesquisadores da Johns Hopkins Medicine que utilizou uma coorte racialmente diversificada com mais de 8.000 mulheres acrescentou evidências de que seguir uma dieta de estilo mediterrâneo pode reduzir o risco de pré-eclâmpsia em pelo menos 20%, mesmo após contabilizar uma variedade de outros fatores de risco.
A dieta mediterrânea é composta por grande quantidade de vegetais, frutas, peixes, nozes, azeite, leguminosas e grãos integrais e quantidades significativamente limitadas de carnes vermelhas, alimentos processados e açúcar. Ademais, há décadas esse tipo de alimentação tem sido associada à redução do risco de doenças cardiovasculares.
Para o estudo, cujos resultados da pesquisa foram publicados em 20 de abril no Journal of the American Heart Association, os pesquisadores entrevistaram 8.507 mulheres inscritas no estudo Boston Birth Cohort entre 1999 e 2014, um projeto originalmente concebido para investigar os fatores genéticos e ambientais associados a partos prematuros. No geral, 47% das participantes do estudo eram negras, 28% eram hispânicas e os 25% restantes eram brancas ou de outras raças. A média de idade foi de 28 anos.
As participantes foram solicitadas a preencher uma pesquisa dietética dentro de 24 a 72 horas após o parto, com perguntas focadas em quantas vezes os alimentos de estilo mediterrâneo foram consumidos durante a gravidez. Com base nas respostas, as pacientes receberam uma pontuação de dieta e classificados em três grupos para análise e comparação. Pontuações mais altas foram utilizadas como referência para frequências mais altas de consumo de alimentos mediterrâneos.
Um total de 10% das mulheres pesquisadas (848) desenvolveram pré-eclâmpsia. Após ajustar os agrupamentos por idade, raça, educação, estado civil, tabagismo, gestações anteriores e obesidade, os pesquisadores relatam que:
- Comparadas com as mulheres que pontuaram no grupo mais baixo, as pacientes que pontuaram nos grupos médio e mais alto tiveram riscos 28% e 22% menores de pré-eclâmpsia;
- Mulheres negras que seguiram a dieta de estilo mediterrâneo e pontuaram no grupo mais alto tiveram um risco 26% menor de pré-eclâmpsia em comparação com aquelas que pontuaram no grupo mais baixo;
- Mulheres que engravidam com hipertensão crônica prévia apresentaram risco nove vezes maior de pré-eclâmpsia em comparação com mulheres que engravidam sem história prévia de hipertensão;
- Mulheres com diabetes e obesidade preexistentes tiveram o dobro do risco de pré-eclâmpsia em comparação com mulheres sem essas condições.
"Nesta coorte racial e etnicamente diversa, as mulheres que tiveram maior adesão a uma dieta de estilo mediterrâneo durante a gravidez tiveram uma chance 20% menor de desenvolver pré-eclâmpsia, após o ajuste para possíveis fatores de confusão. Uma dieta de estilo mediterrâneo contra as chances de desenvolver pré-eclâmpsia permaneceu presente em uma análise de subgrupo de mulheres negras", concluem os pesquisadores.
Neste sentido, as mulheres devem ser encorajadas a seguir um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta nutritiva e exercícios regulares, em todas as fases da vida. Consumir alimentos saudáveis regularmente, incluindo vegetais, frutas e legumes, é especialmente importante para as mulheres durante a gravidez, e este assunto deve ser abordado durante uma rotina de pré-natal de qualidade.
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Referência
- MINHAS, Anum S. et al. Mediterranean‐Style Diet and Risk of Preeclampsia by Race in the Boston Birth Cohort. Journal of the American Heart Association, p. e022589, 2021. Disponível em: Doi.org/10.1161/JAHA.121.022589. Acesso em 25 de abril de 2022.