Em debates globais, a crescente conscientização sobre formas sutis de discriminação, como as microagressões, ganhou relevância, sobretudo em ambientes clínicos e de saúde, levando psicólogos a capacitarem equipes de saúde para identificar e abordar tais comportamentos.
Microagressões são manifestações, frequentemente inadvertidas, de preconceito ou discriminação por meio de declarações, ou ações sutis. Em contextos clínicos e de saúde, elas afetam a interação entre profissionais e pacientes, comprometendo a eficácia da assistência fornecida.
No campo da saúde, microagressões podem tornar os membros da equipe menos inclinados a compartilhar informações clínicas valiosas e prejudicar a qualidade do atendimento ao paciente. Quando os profissionais se sentem desvalorizados ou desconfortáveis devido a incidentes relacionados à raça, orientação sexual, status socioeconômico ou gênero, informações clínicas cruciais podem ser negligenciadas ou perdidas. Na publicação "Psychology addressing microaggressions", ressalta-se a importância de trazer à tona a discussão sobre microagressões para melhorar a interação entre colegas e pacientes.
A ideia é garantir que os profissionais da saúde estejam adequadamente equipados para fornecer o melhor atendimento possível. E, embora possa parecer desafiador incorporar treinamentos sobre microagressões em ambientes hospitalares agitados, as implicações de ignorar tais problemas são graves. A literatura aponta que microagressões podem estar associadas a uma série de problemas de saúde mental e física, incluindo ansiedade, depressão e até sintomas físicos, como dores nas costas e hipertensão.
Para os profissionais de saúde, as consequências de enfrentar discriminação no local de trabalho podem ser devastadoras, levando a riscos maiores de esgotamento e ideação suicida. Dr. Roxanne Upah-Crenshaw destaca que, enquanto a maioria da literatura se concentra em ajudar as vítimas de microagressões, essa abordagem pode inadvertidamente colocar a responsabilidade de lidar com o comportamento prejudicial unicamente sobre elas. Ao educar toda uma equipe, aqueles que testemunham microagressões podem aprender a apoiar e intervir, promovendo um ambiente de trabalho mais positivo e uma melhor qualidade de cuidados aos pacientes.
No cenário da crescente conscientização sobre a importância de abordar e erradicar microagressões, os psicólogos desempenham um papel crucial em instigar mudanças culturais positivas nos sistemas de saúde. Treinar equipes para identificar, entender e intervir contra essas formas sutis de discriminação não só beneficia os profissionais envolvidos, mas também os pacientes que dependem de um atendimento eficaz e compassivo.
A interação entre colegas e pacientes no campo da saúde é crucial para uma assistência eficaz e empática. E como apontado na publicação "Psychology addressing microaggressions", abordar o tema das microagressões é essencial para essa interação.
🚩 Tomando Responsabilidade pelo Problema
As microagressões não são isoladas; elas permeiam diversas interações, influenciando tanto pacientes quanto profissionais da saúde. Derald Wing Sue, em seu estudo, ressalta a necessidade em tornar o "invisível" visível, permitindo que aqueles que percebem a microagressão a reconheçam e questionem de forma não ameaçadora.
🚩 Autonomia Promove Criatividade
Para combater efetivamente as microagressões, novas abordagens são essenciais. Uma iniciativa denominada "Brave Spaces", foi implementada no University of California, San Francisco Benioff Children’s Hospitals. Ela visa encorajar diálogos sobre os vieses implícitos que podem impactar o senso de pertencimento dos membros da equipe.
🚩 Viéses do profissional para com o paciente
Pacientes, em suas interações com os prestadores de cuidados, não estão isentos de experimentar microagressões, que podem manifestar-se de várias formas, desde descrições até tratamentos.
🚩 Viéses em Equipes de Saúde
- Dentro das equipes, podem surgir situações em que pacientes são encaminhados a profissionais com base em características pessoais, e não estritamente pela expertise relacionada ao caso em questão.
- A estrutura hierárquica também pode afetar a comunicação relativa a microagressões. Profissionais em posições hierárquicas mais baixas podem ter relutância em relatar experiências adversas. Portanto, é relevante garantir canais de comunicação abertos e equitativos para todos os membros da equipe.
🚩 O Poder Curativo de Reparações
Reconhecer e se desculpar por uma microagressão pode fortalecer relacionamentos profissionais. Quando as desculpas são feitas corretamente, focando no impacto e não na intenção, elas podem criar um ambiente de segurança psicológica e promover um trabalho em equipe mais eficaz.
À medida que a conscientização sobre microagressões cresce, há um impulso renovado para entender e abordar o problema no ambiente de saúde. Incorporar discussões sobre igualdade, diversidade e inclusão em encontros regulares e promover pesquisas em ambientes interprofissionais são apenas algumas das maneiras pelas quais os psicólogos podem apoiar a mudança e colaborar para a melhoria do trabalho entre equipes e a qualidade dos serviços de saúde.
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Referência:
American Psychological Association. (2023). Psychology addressing microaggressions. APA Monitor, 07. https://www.apa.org/monitor/2023/07/psychology-addressing-microaggressions