Fonte: Fonte: RadioGraphics, 2023. doi.org/10.1148/rg.230009.
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência em todo o mundo, afetando de forma debilitante a memória e a função cognitiva dos pacientes. Durante anos, os tratamentos foram direcionados para o alívio dos sintomas. No entanto, os recentes avanços na medicina trouxeram uma esperança renovada na forma de anticorpos monoclonais, como o aducanumab (Aduhelm), que foi aprovado em aceleração pela FDA (Food and Drug Administration) em junho de 2021.
Estes anticorpos têm como objetivo a eliminação da proteína tóxica amiloide-B, que é considerada a principal característica patológica da doença de Alzheimer. A expectativa é que a redução das placas de amiloide-B no cérebro resulte em benefícios tangíveis para os pacientes.
Contudo, como em muitas novas terapias, existem efeitos secundários associados. Com a crescente adoção do uso de anticorpos monoclonais, foi identificado um efeito colateral específico denominado anormalidades relacionadas à imagem de amiloide (ARIA). Estas anormalidades foram categorizadas como ARIA-E, que indica edema e/ou efusão, e ARIA-H, indicando hemorragia.
Fonte: RadioGraphics, 2023. doi.org/10.1148/rg.230009.
O Dr. Amit K. Agarwal, neurorradiologista da Mayo Clinic e principal autor do artigo publicado no RadioGraphics, em 31 de agosto de 2023, destaca a importância dos radiologistas no reconhecimento e monitorização da ARIA. A grande maioria dos pacientes com ARIA-E permanece assintomática, tornando essencial a intervenção e vigilância radiológica.
Conforme apresentado por Agarwal et al. (2023), a imagem abaixo retrata uma paciente de 69 anos com um caso grave de ARIA-E (edema) durante tratamento com aducanumab para doença de Alzheimer, manifestando sintomas como dores de cabeça e dificuldades na articulação de palavras.
Nas imagens axiais (A e B) é possível observar edemas subcorticais multifocais, destacados pelas setas. A imagem (A) mostra hiperintensidade no FLAIR, enquanto (B) revela uma elevada difusão no mapa de coeficiente de difusão aparente (ADC), com algumas regiões excedendo 10 cm.
Já a imagem de seguimento (C), capturada 4 meses depois, demonstra uma quase total normalização das alterações de intensidade de sinal.
Notavelmente, o ARIA-E frequentemente se manifesta nos lobos occipitais (como é o caso) e, em exames de imagem, pode se assemelhar à síndrome de encefalopatia reversível posterior (PRES).
Fonte:
RadioGraphics, 2023.
doi.org/10.1148/rg.230009.
A detecção desta complicação é fundamental, não apenas para garantir a segurança do paciente, mas também para orientar decisões clínicas. Por exemplo, a detecção de 10 ou mais novas micro-hemorragias exige a interrupção permanente da terapia.
No panorama da medicina moderna, onde a imunoterapia desempenha um papel crescente no tratamento da demência, a parceria entre neurologistas e radiologistas torna-se cada vez mais crucial. O Dr. Agarwal sugere uma abordagem multidisciplinar para o monitoramento conservador de pacientes com ARIA, garantindo um tratamento mais seguro e eficaz para aqueles que vivem com Alzheimer.
Finalmente, à medida que exploramos este novo horizonte terapêutico, é essencial mantermos conectados e preparados para enfrentar os desafios associados, garantindo o melhor cuidado possível para nossos pacientes.
Caso você desejar aprofundar seu conhecimento nas descobertas desse estudo, disponibilizamos aqui, o link de acesso ao estudo na íntegra.
Leia também:
Referências:
- Radiological Society of North America. "Radiologists must monitor novel Alzheimer's treatment side effect." ScienceDaily. ScienceDaily, 31 August 2023. <www.sciencedaily.com/releases/2023/08/230831142812.htm>.
- Agarwal A, Gupta V, Brahmbhatt P, Desai A, Vibhute P, Joseph-Mathurin N, Bathla G. Amyloid-related Imaging Abnormalities in Alzheimer Disease Treated with Anti–Amyloid-β Therapy. RadioGraphics. 2023; Vol. 43, No. 9 [01 setembro 2023]. Disponível em: https://doi.org/10.1148/rg.230009.