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O Dia Nacional dos Surdos no contexto da pandemia

O Dia Nacional dos Surdos no contexto da pandemia
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set. 28 - 4 min de leitura
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O Dia Nacional dos Surdos é comemorado anualmente na data de 26 de setembro, numa alusão à data de inauguração do Instituto Imperial de Surdos em 1857, pelo então imperador Dom Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, o local se chama Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), e se dedica ao ensino bilíngue de pessoas surdas no Brasil. A data comemorativa tem como objetivo promover a reflexão e o debate a respeito dos direitos e da luta pela inclusão de pessoas surdas na sociedade.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há, no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva - algo em torno de 5%, dos quais 2,7 milhões apresentam surdez profunda. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) o envelhecimento da população mundial é um fator importante para o aumento da incidência da surdez - estima-se que 900 milhões de pessoas possam apresentar algum grau de surdez até 2050.

No Brasil, a principal forma de comunicação da comunidade surda é a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), além da leitura labial, importante principalmente na interação com não surdos. A legislação brasileira reconhece a Libras como sistema de comunicação utilizado pelos surdos (Lei 10.436/05) e determina que seu uso aconteça em instituições públicas e privadas para garantir o atendimento dos surdos na educação, na saúde, no judiciário, no audiovisual e em todos os espaços possíveis (Decreto 5.626/05; Lei 13.146/15). Tendo isso em vista, não é difícil de imaginar o quanto essa comunidade foi impactada de forma negativa com as medidas sanitárias de combate à pandemia da covid-19, em especial o uso das máscaras faciais

Um estudo publicado no International Journal of Audiology buscou avaliar o impacto do uso de máscaras em pessoas surdas ou com dificuldades de audição do Reino Unido por meio de entrevistas. Com poucas exceções, os participantes relataram que a cobertura do rosto afetou negativamente a audição, a compreensão, o envolvimento e os sentimentos de conexão com o falante, sendo que os impactos foram maiores durante a comunicação em situações médicas. As coberturas faciais afetaram o conteúdo de comunicação, a conexão interpessoal e a vontade de conversar; aumentaram a ansiedade e o estresse, e tornaram a comunicação fatigante, frustrante e embaraçosa - tanto como orador usando uma cobertura para o rosto, quanto ao ouvir alguém que a está usando.

Estes resultados devem ser comuns a pessoas surdas em todo o mundo, e acendem o alerta para as dificuldades que os surdos enfrentam especialmente quando necessitam de ajuda médica. Já existem máscaras que permitem a leitura labial, com plástico transparente antiembaçante na região da boca, mas ainda não há estudos que atestem a eficácia destas no combate à transmissão do vírus Sars-Cov-2.

 

Referências:

BRASIL. LEI Nº 11.796, DE 29 DE OUTUBRO DE 2008. Institui o Dia Nacional dos Surdos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11796.htm>

LIBRAS. Ines. Disponível em: <http://www.libras.com.br/ines>

Garg S, Deshmukh CP, Singh MM, Borle A, Wilson BS. Challenges of the Deaf and Hearing Impaired in the Masked World of COVID-19. Indian J Community Med. 2021 Jan-Mar;46(1):11-14. doi: 10.4103/ijcm.IJCM_581_20. Epub 2021 Mar 1. PMID: 34035568; PMCID: PMC8117910.

Saunders GH, Jackson IR, Visram AS. Impacts of face coverings on communication: an indirect impact of COVID-19. Int J Audiol. 2021 Jul;60(7):495-506. doi: 10.1080/14992027.2020.1851401. Epub 2020 Nov 27. PMID: 33246380.

 

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