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Mapeamento completo do genoma demonstra grande eficiência no diagnóstico de enfermidades genéticas em neonatos e lactentes

Mapeamento completo do genoma demonstra grande eficiência no diagnóstico de enfermidades genéticas em neonatos e lactentes
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jul. 18 - 6 min de leitura
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Um recente trabalho de investigação, encabeçado por cientistas do Centro Médico Tufts, localizado em Boston, revelou que o mapeamento completo do genoma (Whole Genome Sequencing - WGS) possui uma eficácia quase duas vezes superior a um exame de sequenciamento genético direcionado na detecção de anormalidades causadoras de enfermidades genéticas em neonatos e lactentes. O estudo, intitulado "Uma Análise Comparativa de Sequenciamento Genômico Rápido e um Painel de Genes Neonatais Direcionados em Infantes com Suspeita de Desordem Genética: O Estudo da Medicina Genômica para Neonatos e Lactentes Doentes (GEMINI)", foi divulgado na publicação The Journal of the American Medical Association (JAMA) em 11 de julho de 2023.

Patrocinado pelo Instituto Nacional de Saúde, o pioneiro estudo GEMINI incluiu 400 neonatos e lactentes com menos de um ano de idade, apresentando uma extensa diversidade de possíveis e não diagnosticados transtornos genéticos, em seis centros nos Estados Unidos. O GEMINI consistiu em um estudo prospectivo, comparativo e multicêntrico de 400 lactentes hospitalizados com menos de 1 ano e seus pais, quando disponíveis, suspeitos de ter uma enfermidade genética. O estudo foi conduzido em 6 hospitais estadunidenses de junho de 2019 a novembro de 2021.

Os participantes registrados passaram simultaneamente por testes de sequenciamento genômico e por um exame direcionado de sequenciamento genético neonatal. Cada laboratório procedeu com uma interpretação independente das variantes, orientada pela compreensão do fenótipo do paciente e comunicou os resultados à equipe de cuidado clínico. As alterações no gerenciamento clínico, as terapias propostas e o redirecionamento dos cuidados foram transmitidos às famílias com base nos achados genéticos de quaisquer uma das plataformas.

Cada neonato/lactente passou pelo WGS, capaz de identificar variantes nos 20.000 genes do corpo humano, e pelo NewbornDx, um exame de sequenciamento de genes direcionado que pode detectar variantes em 1.722 genes conhecidos por estarem associados a enfermidades genéticas em neonatos/lactentes. Os cientistas constataram que o WGS diagnosticou uma enfermidade genética em 49% dos pacientes, enquanto o exame de sequenciamento genético direcionado identificou uma enfermidade genética em 27% dos participantes. O painel direcionado perdeu 40% dos diagnósticos capturados pelo WGS. Adicionalmente, os cientistas também encontraram 134 novos diagnósticos genéticos nunca antes relatados. Ao todo, 51% dos pacientes no estudo foram diagnosticados com um transtorno genético em qualquer um dos testes.

Porém, o WGS apresenta suas limitações, como apontaram os cientistas. Em média, demorou quase dois dias inteiros a mais (seis dias contra quatro dias) para receber os resultados de rotina do WGS em comparação com o exame de sequenciamento de genes direcionados. O teste direcionado também é mais econômico e, por selecionar enfermidades genéticas específicas que aparecem somente em neonatos e lactentes, seu uso exclui o risco de revelar inadvertidamente riscos de saúde futuros, como Alzheimer ou câncer, que os pais da criança podem não querer descobrir.

"Mais da metade dos lactentes em nosso estudo possuía um transtorno genético que teria permanecido não identificado na maioria dos hospitais pelo país, se não fosse pela tecnologia de sequenciamento genômico", afirmou Jonathan Davis, MD, chefe de medicina neonatal do Centro Médico Tufts e co-diretor do estudo. "Diagnosticar com êxito o transtorno genético de uma criança o mais cedo possível auxilia a assegurar que eles recebam o melhor tratamento médico. Este estudo demonstra que o WGS, embora ainda não perfeito, permanece sendo o padrão ouro para o diagnóstico preciso de doenças genéticas em neonatos e lactentes".

O Estudo GEMINI também identificou uma preocupação adicional: a ausência de padronização na interpretação da genética neonatal. Em 40% dos casos, diferentes laboratórios discordaram sobre se uma anormalidade genética mutuamente reconhecida era a causa da suspeita de transtorno genético no neonato/lactente.

Os pesquisadores concluem que o rendimento do diagnóstico molecular para o sequenciamento genômico foi superior quando comparado a testes de sequenciamento genético neonatal direcionados, mas o tempo de retorno dos resultados de rotina foi mais lento. A interpretação de variantes entre diferentes laboratórios contribui para diferenças no rendimento diagnóstico molecular e pode ter consequências significativas para o manejo clínico.

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Referência: 

Jill L. Maron, Stephen Kingsmore, Bruce D. Gelb, Jerry Vockley, Kristen Wigby, Jennifer Bragg, Annemarie Stroustrup, Brenda Poindexter, Kristen Suhrie, Jae H. Kim, Thomas Diacovo, Cynthia M. Powell, Andrea Trembath, Lucia Guidugli, Katarzyna A. Ellsworth, Dallas Reed, Anne Kurfiss, Janis L. Breeze, Ludovic Trinquart, Jonathan M. Davis. Rapid Whole-Genomic Sequencing and a Targeted Neonatal Gene Panel in Infants With a Suspected Genetic Disorder. JAMA, 2023; 330 (2): 161 DOI: 10.1001/jama.2023.9350



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