Com o objetivo de identificar as mudanças comportamentais dos jovens em sua sexualidade, para fornecer uma educação mais relevante, estudo francês apresentado em uma conferência sobre sexualidade e saúde sexual demonstrou os interesses de aprendizado de homens e mulheres sobre o tema.
O estudo foi feito em 2021 e conduzido por Véronique Suquet, parteira e sexóloga de Fontenay-sous-Bois, no departamento francês de Val-de-Marne. A pesquisa contou com a participação de duzentos alunos com idades de 17 a 30 anos, que responderam a 44 questões sobre atividade e educação sexual, sendo 37 perguntas fechadas e sete abertas.
A partir da análise dos resultados, a pesquisadora descobriu que os tópicos que as meninas gostariam de abordar em suas aulas de educação sexual são: menos tabus e linguagem prescritiva; mais aprendizado sobre consentimento, prazer, desejo, masturbação e preliminares; e um currículo mais focado no relacionamento.
As expectativas dos meninos também envolvem menos tabus, com enfoque na pressão de desempenho, discussões sobre prazer e conhecimento, sendo ensinados sobre como funciona o corpo feminino e sobre riscos, contracepção e pornografia.
Além disso, quando perguntados sobre o que constitui uma vida sexual satisfatória, as meninas responderam que isso vem principalmente com escuta e comunicação, autoconfiança, consentimento e respeito, seguido de prazer compartilhado, intimidade e realização. Os meninos citam o prazer compartilhado, a comunicação, a fantasia, a novidade e as discussões sobre sexo sem complexos e sem tabus como suas principais preocupações.
Em entrevista à Medscape francesa, Suquet relata que, em sua opinião, o ensino de educação sexual deveria começar no ensino fundamental, principalmente devido à exposição à tela. Para ela, este programa de educação sexual pode incluir desenvolvimento pessoal (emoções, necessidades, autoconfiança, etc.), comunicação (comunicação não verbal, etc.), educação relacional (com o objetivo de prevenir o assédio), bem como a educação em torno do uso de telas (imagens com conteúdo sexual, etc.).
Esse programa de educação sexual poderia continuar a ser desenvolvido no ensino médio, abordando os impactos e riscos relacionados à pornografia, com o ensino precoce sobre a relação no meio digital (equívocos sobre direitos de imagem; nus; fotos de pênis enviadas por smartphone e que muitas vezes não foram solicitados; vícios; etc) e a educação sobre o consentimento. Este último tópico tem um efeito importante na identidade e no senso de identidade de uma pessoa. Saber dizer "não", dizer "sim, mas agora não quero" e "não sei" são habilidades aprendidas.
Além disso, a autora ressalta a importância de reforçar a prevenção em termos de infecções sexualmente transmissíveis, uma vez que os jovens não conhecem sobre essas patologias e/ou que a penetração não é a única atividade que expõe eles ao risco de uma IST.
Para Suquet, o programa de saúde emocional, de relacionamento e saúde sexual da França também deve incluir a violência sexual. A pesquisadora explica que a maioria dos jovens não conhece os tipos de violência e apenas identifica a penetração sem consentimento da vagina por um pênis como violência sexual. Por esse motivo, muitos jovens não reconhecem e não sabem sobre o abuso que podem ter sofrido.
Por fim, Israël Nisand, professor emérito de ginecologia e obstetrícia da Universidade de Estrasburgo, traz à tona para a educação outros assuntos e a parceria dos profissionais de saúde com os responsáveis pelos jovens. Segundo Nisand, homossexualidade, atração sexual, masturbação, prazer sexual, orgasmo, virgindade e incesto também são tópicos essenciais de aprendizagem para os jovens.
Referência: JOUBERT, Hélène. What's the Future of France's Sex Education Program? Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/985742#vp_2. Acesso em: 01 fev. 2023.
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