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Obsessão por selfies é reconhecida como distúrbio mental: 'selfitis'

Obsessão por selfies é reconhecida como distúrbio mental: 'selfitis'
Janine Diniz Fortuna
mai. 11 - 5 min de leitura
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Você desconfiava que as pessoas que tiram muitas selfies tinham traços de narcisismo? De acordo com um estudo exploratório publicado na International Journal of Mental Health and Addictiono vício em tirar selfies é reconhecido como uma doença mental chamada 'selfitis'.

A investigação foi conduzido por dois pesquisadores: Janarthanan Balakrishnan, da Thiagarajar School of Management, na Índia, e Mark D. Griffiths, da Nottingham Trent University, no Reino Unido. Os dois estudaram cerca de 400 universitários indianos com base em uma escala batizada como Selfitis Behavior Scale, que tem por objetivo categorizar os motivos pelos quais as pessoas tiram várias fotos de si mesma.

A Índia não foi escolhida por acaso. Afinal, é um país que detém o recorde mundial do número de usuários do Facebook sendo 180 milhões em 2017 e 100 milhões em 2021. Hoje, a maior potência das redes sociais é, sem dúvidas, o Instagram que tem 1,4 bilhão de usuários  cadastrados pelo mundo.

Leia também: Redes sociais e saúde mental: o que nos diz essa relação?

Vale lembrar que a popularidade de uma foto pode se voltar contra quem gosta de ostentar. Empresas de segurança no ciberespaço dizem que as contas de jovens ricos são usadas como prova de fraudes praticadas pelos pais em 75% dos casos. Muitos criminosos também usam a rede para postar fotos esbanjando o produto dos atos ilícitos (como mansões e carros de luxo) e se dão mal. Por isso, fica a dica: cuidado com o que você publica nas redes. 

Escala de Comportamento de Selfitis,na prática: 3 níveis de dependência de "autoconfiança"

Para colocar em prática a metodologia escolhida, os pesquisadores fizeram perguntas aos participantes da pesquisa com o objetivo de compreender os sentimentos que os estudantes vivenciam ao tirar selfies.

As respostas foram feitas a partir de 20 declarações da escala. Abaixo alguns exemplos: 

•"Quando não faço “selfies”  sinto-me desligado do meu grupo social”;

•“Fazer muitos “selfies” melhora  meu humor e me faz sentir mais  feliz”;

As respostas foram avaliadas em uma escala de 1 a 5. O número 1 significava que o indivíduo não se sentia preocupado com ele e 5 expressou total concordância. Após coletar essas informações, os cientistas conseguiram estabelecer três níveis de dependência:

1. Borderline: as pessoas tiram fotos de si mesmas pelo menos três vezes ao dia, mas não publicam nas redes sociais;

2. Limite: as pessoas tiram pelo menos três selfies por dia, mas não publicam;

3. Crônico: as pessoas  publicam cerca de seis selfies por dia para satisfazer um impulso.

Causas de Selfitis

De acordo com a American Psychiatric Association, a selfie define-se como:

"O desejo obsessivo-compulsivo de tirar fotos de si mesmo e publicá-las nas mídias sociais para compensar a baixa autoestima e preencher um vazio na intimidade".

O termo apareceu pela primeira vez em 2014. Na época, o site de notícias americano  Snopes informou que a Associação Psiquiátrica Americana considerava o vício de autopromoção como um distúrbio comportamental.

Saiba mais: Selfies, autopromoção e exibicionismo dentro dos hospitais

De acordo com os pesquisadores que realizaram o trabalho de campo sobre o assunto na Índia, a origem da self-mania está associada a fatores psicológicos e sociais, sendo influenciada por fatores como: desenvolvimento intensivo de tecnologias, mudanças nos valores sociais - uma mudança no foco de atenção de atividades úteis para a demonstração de sinais externos de sucesso, felicidade, saúde, beleza.

As causas exatas do transtorno não foram esclarecidas, mas os pesquisadores identificaram uma série de fatores que contribuem para a formação do vício: insatisfação com a vida. A foto mostra apenas eventos positivos, sua descrição nem sempre corresponde à realidade.

O conteúdo de uma conta de mídia social substitui a vida real. Falta de comunicação. Selfies são uma forma de iniciar a comunicação. A correspondência nos comentários substitui a comunicação ao vivo, com o conteúdo da foto o autor define o tema e a atitude dos interlocutores.

Por fim, as evidências do estudo apontam que a publicação constante de fotos de sucesso evita críticas e a autoestima das pessoas que tem esse hábito é alimentada por reações positivas como as "curtidas" e os "likes", por exemplo. 

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Referências

  1. BALAKRISHNAN, Janarthanan; GRIFFITHS, Mark D. An exploratory study of “selfitis” and the development of the Selfitis Behavior Scale. International journal of mental health and addiction, v. 16, n. 3, p. 722-736, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11469-017-9844-x. Acesso em: 02 de maio de 2022.
  2. EPOCA NEGÓCIOS.  Compulsão por ‘selfie’ pode ser um distúrbio mental, diz estudo. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2017/12/compulsao-por-selfie-pode-ser-um-disturbio-mental-diz-estudo.html. Acesso em: 02 de maio de 2022.
  3. MARIE CLAIRE. L’obsession pour les selfies (enfin) reconnue comme une maladie mentale. Disponível em: https://www.marieclaire.fr/selfies-maladie-mentale-selfitie,1248171.asp. Acesso em: 02 de maio de 2022.
  4. R7. Redes sociais são mais prejudiciais à saúde mental dos jovens. Disponível em:  https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/redes-sociais-sao-mais-prejudiciais-a-saude-mental-dos-jovens-28032022. Acesso em: 02 de maio de 2022.

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