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Patógenos orais e a recuperação cardíaca pós-infarto

Patógenos orais e a recuperação cardíaca pós-infarto
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out. 30 - 4 min de leitura
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A saúde bucal, frequentemente relacionada à estética e ao bem-estar, assume um papel crucial na prevenção de doenças cardiovasculares. Uma pesquisa realizada pela Universidade Médica e Dentária de Tóquio (TMDU) e publicada em setembro de 2023, no International Journal of Oral Science, destaca a correlação direta entre patógenos bucais e a recuperação cardíaca pós-infarto, reforçando a importância da higiene oral para a saúde cardíaca.

A pesquisa foca em um patógeno oral comum, a Porphyromonas gingivalis (P.g.), uma bactéria anaeróbia gram-negativa responsável pela periodontite. O P.g. tem sido associado a doenças sistêmicas, como artrite reumatoide e doença de Alzheimer, além de doenças cardiovasculares (CVD).

Estudos anteriores já indicavam a presença dessa bactéria em locais de oclusão arterial em casos de infarto do miocárdio. A novidade trazida por essa pesquisa reside na investigação dos mecanismos pelos quais a P.g. afeta a recuperação cardíaca pós-infarto.

Um dos aspectos preocupantes sobre a P.g. é a sua capacidade de invadir outros tipos de células e vasos nas artérias coronárias, sendo inclusive detectada em trombos no local de oclusão em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). Portanto, a hipótese de que a infecção por P.g. desempenha um papel crucial na patogênese do IAM é relevante e precisa ser investigada mais a fundo.

Quando ocorre um infarto, há uma obstrução do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias, comprometendo a oxigenação e nutrição do tecido cardíaco, e resultando na morte de miócitos cardíacos. Para evitar maiores danos, essas células utilizam um processo chamado autofagia, que consiste na eliminação de componentes celulares danificados, evitando assim a disfunção cardíaca.

Para investigar o papel da P.g. nesse processo, os pesquisadores desenvolveram uma variante da bactéria sem gingipains, um fator de virulência que inibe a morte celular programada em resposta a lesões. Essa variante foi utilizada para infectar miócitos cardíacos e camundongos.

Os resultados mostraram que a viabilidade das células infectadas com a variante da Porphyromonas gingivalis (P.g.) sem gingipains era significativamente maior em comparação com as células infectadas pela forma original da bactéria P.g., que possui todos os seus fatores de virulência, incluindo as gingipains. Além disso, os efeitos do infarto foram mais graves nos camundongos infectados pela forma original da P.g. em comparação com aqueles infectados pela variante sem gingipains.

Uma análise mais detalhada revelou que as gingipains interferem na fusão de autossomos e lisossomos, processo crucial para a autofagia. Nos camundongos, essa interferência resultou no aumento do tamanho dos miócitos cardíacos e acúmulo de proteínas que deveriam ser eliminadas para proteger o músculo cardíaco. Conclui-se que a infecção por P.g. que produz gingipains resulta em acúmulo excessivo de autossomos, levando à disfunção celular, morte celular e, eventualmente, ruptura cardíaca.

Diante da relevância da P.g. na recuperação cardíaca pós-infarto, o tratamento da periodontite assume uma importância vital para a redução do risco de infarto fatal. Os resultados desta pesquisa evidenciam a necessidade de uma abordagem integrada entre a medicina cardiovascular e a odontologia, reforçando a premissa de que a saúde bucal é um componente essencial na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares.

Caso deseje aprofundar-se nos resultados e descobertas deste estudo, disponibilizamos aqui o link de acesso à pesquisa na íntegra.



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Referências:

  • Shiheido-Watanabe, Y., Maejima, Y., Nakagama, S. et al. Porphyromonas gingivalis, a periodontal pathogen, impairs post-infarcted myocardium by inhibiting autophagosome–lysosome fusion. Int J Oral Sci 15, 42 (2023). https://doi.org/10.1038/s41368-023-00251-2

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