Em recente reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS), pesquisadores analisaram componentes ligados à transmissão sexual da varíola dos macacos (monkeypox), cujo surto avança em diversos países do mundo. No Brasil, o terceiro caso foi confirmado pelo Ministério da Saúde (MS) no início dessa semana. A doença, endêmica na África, atinge principalmente homens que fazem sexo com outros homens.
Segundo reportagem publicada no site do CIDRAP (Center for Infectious Disease Research and Policy), especialistas disseram, na OMS, que o vírus da varíola dos macacos circula pela Europa desde meados do mês de abril. Porém, existe a suspeita de que festas onde pessoas fizeram sexo com múltiplos parceiros ocorridas em Portugal, Lisboa e Bélgica tenham dado impulso à propagação.
Os casos iniciais observados em Portugal foram detalhados pelo médico Gianfranco Spiteri, do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças. Neles, o aparecimento de erupções genitais em pacientes seria o primeiro indício do contato pele a pele durante relações sexuais como a principal forma de transmissão.
Foi citado um estudo do jornal médico Eurosurveillance que indica que os homens portugueses relataram os primeiros sintomas em 29 de abril. Muitos deles disseram ter tido relações sexuais com múltiplos parceiros pouco antes de procurar auxílio médico.
Ainda durante a reunião, foi dada uma visão epidemiológica da varíola dos macacos na África. Lá, a transmissão geralmente ocorre a partir do contato com animais, se espalhando entre membros de uma mesma família. O manejo da doença em países africanos - onde o primeiro caso em seres humanos foi identificado no ano de 1970 (na República Democrática do Congo) – foi apontado como um exemplo ao mundo.
“Temos que reconhecer o fato de que o vírus circula há décadas, mas somente agora estamos dando a devida atenção a ele. Precisamos aproveitar essa oportunidade para avançar em nossos conhecimentos sobre a varíola dos macacos e ajudar a todos, em todos os locais do mundo”, declarou a médica epidemiologista da OMS, Maria Van Kerkhove.
Na solução do problema, a importância da colaboração entre os diversos países no compartilhamento de informações também foi destacada na reunião, assim como a necessidade de combate ao preconceito em relação aos pacientes. Em consultas, muitos se recusam ou não sabem informar com quem tiveram relações sexuais antes da aquisição do vírus, o que vem dificultando trabalhos de monitoramento.
Com informações de CIDRAP (Center for Infectious Disease Research and Policy)
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