Os cigarros eletrônicos, ou vaping, são frequentemente promovidos como uma alternativa mais segura ao fumo tradicional. No entanto, os médicos devem estar cientes e comunicar aos seus pacientes que os riscos à saúde associados ao uso desses dispositivos são significativos e afetam tanto o sistema cardiovascular quanto o pulmonar (Sharp, 2023).
Como abordar o uso do vaping?
A popularidade dos cigarros eletrônicos entre os jovens tem aumentado, e os médicos precisam estar preparados para lidar com as consequências dessa tendência. O uso desses dispositivos subiu de 0,6% em 2011 para 4,9% em 2018 entre estudantes do ensino médio, estimando-se que cerca de 20% da população jovem nos Estados Unidos esteja usando atualmente (Sharp, 2023). No Brasil, dados de um estudo feito pela UNESP aponta que 19,7% pessoas entre 18 e 24 anos já experimentou o Vaping, mesmo com a venda proibida no país.
O vaping pode levar a uma variedade de problemas de saúde graves, incluindo intoxicação por nicotina, trauma de explosões de baterias do dispositivo, e lesões nos sistemas gastrointestinal, cardiovascular e neurológico. Em particular, a nicotina presente nos ENDS (Sistemas Eletrônicos de Entrega de Nicotina) é um agente vasoconstritor conhecido que pode aumentar a pressão arterial e desencadear eventos cardiovasculares adversos (Sharp, 2023).
No que diz respeito à saúde pulmonar, a epidemia de Lesão Pulmonar Associada ao Uso de E-cigarro ou Vaping (EVALI) que ocorreu nos Estados Unidos em 2019 resultou em mais de 2.800 internações hospitalares (Sharp, 2023). Além disso, o uso crônico de ENDS tem sido associado a alterações pulmonares, incluindo inflamação e dano tecidual.
É importante também destacar que o uso de ENDS durante a gravidez é prevalente entre mulheres que fumam ao longo da gravidez e que veem os ENDS como uma alternativa mais segura para reduzir o estigma ou as preocupações de saúde durante a gravidez. Os médicos devem combater essa percepção errônea, informando que o vaping ainda apresenta riscos significativos tanto para a mãe quanto para o feto, e deve ser evitado (Sharp, 2023).
Perigoso mas, visto como inocentes
Embora os cigarros eletrônicos sejam frequentemente anunciados como uma alternativa mais segura ao tabaco, eles apresentam riscos significativos para a saúde cardiopulmonar. Como médicos, precisamos estar bem informados sobre esses riscos e comunicá-los efetivamente aos nossos pacientes. Enquanto a pesquisa continua para entender completamente os efeitos a longo prazo do vaping, devemos adotar uma postura de cautela e encorajar nossos pacientes a evitar esses produtos.
Leia também:
Referência:
Sharp, J.A. (2023). Top Things to Know: Cardiopulmonary Impact of Electronic Cigarettes and Vaping Products.