A tecnologia eHealth tem revolucionado a abordagem da saúde pública em várias frentes, uma delas sendo a cessação do tabagismo. O tabagismo, como sabemos, é um dos principais fatores de risco para várias doenças crônicas, como câncer e doenças cardiovasculares, e a busca por meios eficazes para incentivar os fumantes a largar o vício é uma meta essencial da saúde pública.
Dada a relutância de muitos pacientes em procurar serviços de cessação do tabagismo em ambientes clínicos e o custo elevado de intervenções tradicionais, as tecnologias de saúde eletrônica (eHealth), como sites e sistemas de gestão, surgiram como ferramentas acessíveis e de baixo custo para essa finalidade. Além disso, a saúde móvel (mHealth), uma vertente da eHealth, trouxe aplicativos móveis e mensagens de texto por SMS como recursos adicionais. Estas ferramentas não só oferecem experiências interativas que podem aumentar a adesão do paciente, mas também têm o potencial de alcançar uma ampla gama de grupos de usuários.
Recentemente, uma revisão sistemática intitulada Effectiveness of eHealth Smoking Cessation Interventions: Systematic Review and Meta-Analysis, abordou a eficácia das intervenções de cessação do tabagismo baseadas em eHealth entre 2017 e 2022. Esta revisão, publicada no Journal of Medical Internet Research, analisou 39 ensaios clínicos randomizados (RCTs) focados em intervenções eHealth para cessação do tabagismo. A principal constatação foi a dominância de intervenções mHealth, especificamente aquelas envolvendo mensagens de texto via SMS ou aplicativos, indicando uma mudança dos modelos baseados na internet ou aconselhamento telefônico que eram mais comuns há mais de cinco anos.
Um aspecto interessante desta revisão foi a variação nos resultados dos estudos, dependendo dos subtipos de intervenções eHealth e da personalização ou interatividade dos programas. Apesar de muitos programas reportarem altos níveis de satisfação dos usuários, muitos também observaram taxas de atrito elevadas, sugerindo que a satisfação por si só pode não ser um bom indicador de adesão a longo prazo. Esta discrepância ressalta a necessidade de personalizar e adaptar as intervenções às necessidades específicas dos indivíduos para maximizar a eficácia.
A análise também destacou que a verificação bioquímica e a abstinência autorrelatada produziram resultados de tratamento semelhantes. Este é um ponto crucial, pois embora a verificação bioquímica seja vista como o padrão ouro, é cara e pode não ser viável em intervenções em larga escala. Portanto, a capacidade de confiar na abstinência autorrelatada pode tornar as intervenções eHealth ainda mais acessíveis e economicamente viáveis.
Em resumo, a revisão conduzida por Fang YE e colaboradores reforça a promessa das intervenções de cessação do tabagismo baseadas em eHealth, especialmente aquelas que se enquadram na categoria mHealth. No entanto, os resultados também sublinham a necessidade de abordagens mais personalizadas e interativas para garantir uma adesão duradoura e a consequente eficácia a longo prazo. À medida que a tecnologia continua a avançar e se tornar cada vez mais integrada à nossa vida diária, é essencial que a comunidade médica esteja a frente dessas tendências e incorpore as práticas ao combate ao tabagismo.
Para um entendimento mais detalhado das tecnologias e descobertas apresentadas neste estudo, acesse o trabalho completo através deste link.
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Referências:
Fang YE, Zhang Z, Wang R, Yang B, Chen C, Nisa C, Tong X, Yan LLEffectiveness of eHealth Smoking Cessation Interventions: Systematic Review and Meta-AnalysisJ Med Internet Res 2023;25:e45111doi: 10.2196/45111PMID: 37505802