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Telas e Crianças: Impacto do uso precoce no desenvolvimento infantil até os 4 Anos

Telas e Crianças: Impacto do uso precoce no desenvolvimento infantil até os 4 Anos
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ago. 22 - 5 min de leitura
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Os avanços tecnológicos têm permeado todos os aspectos de nossa sociedade, inclusive a maneira como as crianças se engajam e interagem com o mundo ao seu redor. Nesse contexto, o tempo de tela, definido como o tempo gasto assistindo à televisão, jogando videogames ou usando dispositivos eletrônicos, tornou-se uma área de estudo de grande interesse, especialmente quando se trata de entender seus impactos no desenvolvimento infantil.

Diretrizes recentes da Organização Mundial da Saúde e da Academia Americana de Pediatria recomendam a limitação do tempo de tela para crianças, sugerindo um limite de 1 hora por dia para crianças de 2 a 5 anos. No entanto, estudos mostraram que apenas uma minoria das crianças segue essas diretrizes. Além disso, a pandemia da COVID-19 e o aumento da acessibilidade a dispositivos digitais fizeram com que o tempo de tela aumentasse substancialmente nos últimos anos.

Estudos anteriores identificaram associações entre o tempo de tela e vários resultados do desenvolvimento infantil, como habilidades de comunicação, socialização, habilidades motoras, entre outros. No entanto, faltava uma visão holística que considerasse múltiplas áreas do desenvolvimento infantil de forma longitudinal.

O estudo, foi publicado em JAMA Pediatrics em 21 de agosto de 2023, e buscou preencher essa lacuna ao analisar a associação entre a exposição ao tempo de tela no primeiro ano de vida e possíveis atrasos em cinco domínios do desenvolvimento (comunicação, habilidades motoras ampla/grossas e finas, resolução de problemas e habilidades pessoais e sociais) aos 2 e 4 anos.


▶ Como o estudo foi conduzido? 

Entre julho de 2013 e março de 2017, mulheres grávidas foram convidadas em 50 estabelecimentos de saúde, incluindo clínicas e hospitais obstétricos, nas prefeituras de Miyagi e Iwate, no Japão. Através de uma coleta de dados prospectiva, o estudo contemplou 7097 duplas de mãe e filho. E a análise final concluída em 20 de março de 2023.

O estudo categorizou o tempo que crianças de 1 ano passavam em frente às telas em quatro grupos distintos: menos de 1 hora, entre 1 e quase 2 horas, entre 2 e quase 4 horas e, finalmente, 4 horas ou mais.

Do total de 7097 crianças avaliadas, 3674 eram do sexo masculino, representando 51,8%, enquanto 3423 eram do sexo feminino, ou 48,2%. Em termos de exposição às telas, 3440 crianças (48,5%) ficavam expostas por menos de 1 hora diariamente. Outras 2095 (29,5%) tinham uma exposição de 1 a quase 2 horas, 1272 (17,9%) de 2 a quase 4 horas, e um grupo menor, de 290 crianças (4,1%), ficava 4 horas ou mais em frente às telas.

Os resultados revelaram que uma maior exposição ao tempo de tela no primeiro ano estava associada, de maneira dose-resposta, a atrasos no desenvolvimento da comunicação e na resolução de problemas aos 2 e 4 anos. Essa relação foi particularmente notável em crianças que tiveram mais de quatro horas de tela por dia. Além disso, foi observado que, embora o tempo de tela estivesse associado a alguns domínios específicos, como comunicação e resolução de problemas, ele não se mostrou relacionado a todos os domínios do desenvolvimento.

Dentro desse escopo, é vital considerar o conteúdo acessado durante o tempo de tela. Embora o tempo excessivo em frente às telas possa estar associado a atrasos no desenvolvimento, o tipo de conteúdo também desempenha um papel crucial. Por exemplo, programas educativos podem ter um impacto positivo nas habilidades linguísticas das crianças.

Este estudo portanto, lança luz sobre uma questão crítica da era moderna, realçando o impacto tangível do tempo de tela no desenvolvimento infantil.  Mais do que simplesmente apresentar dados, ele oferece insights adicionais para profissionais de saúde, fornecendo informações que podem enriquecer suas orientações e práticas clínicas.

Além disso, a pesquisa atua como um sinal de alerta para pais e cuidadores, ressaltando a importância de se estabelecer limites saudáveis para a exposição das crianças às telas. Em um mundo em constante evolução tecnológica, é essencial que todos estejam equipados com o conhecimento necessário para guiar e apoiar as crianças em sua jornada de crescimento.


Leia também:


Referência: 

Takahashi I, Obara T, Ishikuro M, et al. Screen Time at Age 1 Year and Communication and Problem-Solving Developmental Delay at 2 and 4 Years. JAMA Pediatr. Published online August 21, 2023. doi:10.1001/jamapediatrics.2023.3057


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