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Uso de telas para efeito calmante prejudica autorregulação emocional de crianças pequenas

Uso de telas para efeito calmante prejudica autorregulação emocional de crianças pequenas
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dez. 15 - 3 min de leitura
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O aumento do uso de dispositivos móveis para acalmar crianças de 3 a 5 anos foi associado à diminuição do funcionamento executivo e aumento da reatividade emocional. É o que sugere o estudo de coorte publicado no Journal of the American  Medical Association (JAMA).

 O funcionamento executivo engloba o controle inibitório, a memória de trabalho e a flexibilidade de atenção. Déficits nesse funcionamento são aparentes em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) e estão por trás de muitos comportamentos cotidianos problemáticos, como controle de impulso deficiente e dificuldade em seguir instruções. 

 A pesquisa sugere que processos como o funcionamento executivo e a regulação emocional são mais importantes para o sucesso escolar do que a inteligência cristalizada, pois permitem que as crianças permaneçam calmas, focadas e flexíveis ao enfrentar novos desafios. A regulação emocional inclui tanto a propensão para a reatividade emocional quanto a capacidade de se acalmar quando está chateada.

Essas habilidades se desenvolvem rapidamente dos 2 aos 5 anos de idade, junto com o desenvolvimento do lobo frontal. Acredita-se que se desenvolvam por meio de processos transacionais entre as características inatas da criança e seu ambiente de cuidados.

Por fornecerem acesso sob demanda de maneira portátil, rápida e fácil, os dispositivos móveis (como smartphones e tablets) podem ter uma associação única com a atenção infantil e a inibição de impulsos e, portanto, podem fragmentar as rotinas diárias.

O uso frequente dos equipamentos para amenizar o sofrimento, principalmente na primeira infância, pode deslocar oportunidades para o desenvolvimento de estratégias independentes e alternativas de autorregulação.

O estudo longitudinal teve duração de dois anos e contou com a participação de 422 crianças e pais, sendo a maioria das crianças do sexo masculino e brancas. Como resultado, tanto o funcionamento executivo da criança quanto a reatividade emocional tinham associações com o uso de dispositivos para acalmar. Entretanto, a reatividade emocional mostrou associação mais consistente com o uso de dispositivos para acalmar ao longo do tempo.

Especificamente em meninos e crianças com maior oscilação temperamental, entre o acompanhamento de três meses e o acompanhamento de seis meses, houve maior reatividade emocional associada a um aumento do uso de dispositivos para fins calmantes e a um aumento do uso de dispositivos para acalmar as crianças com maior reatividade emocional.

Sendo assim, os pesquisadores não recomendam aos pais o uso de telas e dispositivos eletrônicos para fins calmantes. Da mesma forma que um maior grau de acessos de raiva, intensa emotividade, desafio ou falta de inibição comportamental pode ter desencadeado o aumento do uso de dispositivos, o uso de dispositivos também pode ter desencadeado maior reatividade nas crianças. 

Referência

Radesky JS, Kaciroti N, Weeks HM, Schaller A, Miller AL. Longitudinal Associations Between Use of Mobile Devices for Calming and Emotional Reactivity and Executive Functioning in Children Aged 3 to 5 Years. JAMA Pediatr. Published online December 12, 2022. doi:10.1001/jamapediatrics.2022.4793

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