A varíola dos macacos (monkeypox) está evoluindo a um ritmo mais rápido do que o esperado. A constatação é resultado de uma pesquisa conduzida por investigadores do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em parceria com a Universidade Lusófona, ambos em Portugal.
Em artigo publicado na revista Nature Medicine e noticiado pela Medical Xpress, é descrito um estudo genético do vírus cujas amostram foram coletadas de quinze pacientes. Nele, foi verificado que o vírus sofreu mutações a uma velocidade entre seis a doze vezes mais alta que a esperada. Estudos anteriores demonstravam que normalmente as mutações ocorriam apenas uma ou duas vezes em por ano.
“Os pesquisadores sugerem que a súbita taxa acelerada de mutação pode ser um sinal de que o vírus desenvolveu uma nova maneira de infectar as pessoas”, diz a reportagem da Medical Express. “Eles encontraram sinais sugerindo que algumas das mutações podem ter sido devido à exposição ao sistema imunológico humano, mais particularmente enzimas de um tipo chamado APOBEC3, que matam vírus incitando erros durante a cópia do código genético. Se alguns dos vírus sobrevivessem a um ataque desses e transmitissem seus genes, eles teriam dado às gerações futuras uma vantagem contra o sistema imunológico humano, o que poderia explicar as mutações mais rápidas”.
Atualmente, acredita-se que a principal forma de transmissão do vírus aconteça por contato pele a pele, sendo que muitos casos foram verificados entre parceiros sexuais. Em recente reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS), pesquisadores analisaram componentes ligados à transmissão sexual da varíola dos macacos, tentando entendê-los.
Brasil
No Brasil, até o último dia 24, foram confirmados 17 casos de varíola dos macacos, sendo onze em São Paulo, dois no Rio Grande do Sul e quatro no Rio de Janeiro. Cinco dos casos totais seriam autóctones, havendo transmissão local da doença.
Com informações de Medical Xpress e Nature Medicine.
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