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CinePsiquiatria #5: O Solista

CinePsiquiatria #5: O Solista
Eduardo Alcantara
out. 1 - 7 min de leitura
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Prezados leitores e apoiadores, com muita honra anunciamos aqui a 5ª edição desse projeto ao qual nos dedicamos com muito carinho.

Aos que chegaram aqui pela primeira vez, informamos que esse projeto é uma coluna periódica, com recomendação e análise de filmes para os amantes de cinema e psiquiatria.  Agradecemos a boa aceitação, incentivo e apoio dos leitores do #CinePsiquiatria, da Academia Médica.  

O artigo piloto do projeto foi sobre o clássico, de 1999: Clube da Luta. Se você ainda não leu a análise desse filme, clique aqui. 

Confira as outras edições do projeto:

Agradecemos a cada leitor pelo apoio!

No CinePsiquiatria #5 tentarei, na visão da psiquiatria, analisar uma das grandes obras do cinema ocidental, o filme de 2009, do diretor Joe Wright : O SOLISTA.

Pegue sua pipoca e vamos lá!

AVISO DE SPOILER! SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU AO FILME, É RECOMENDADO VOLTAR APÓS O TÉRMINO DA PELÍCULA!

Escolhemos esse filme, inspirado em fatos reais, pela obra prima em si e por mostrar um dos lados mais reais e ácidos de um dos transtornos mentais que sempre intrigou a medicina: a esquizofrenia!

O Solista conta com um elenco de peso: Jamie Foxx e Robert Downey Jr.

O filme relata a história da amizade entre Nathaniel Ayers, um músico prodígio, e o jornalista Steve Lopez. Muito mais que uma película sobre a história de uma amizade, ela relata a história de uma pessoa talentosa na música, estudante da famosa escola de artes performáticas Juilliard, de Nova York, que ao longo de seus estudos tem seu primeiro surto psicótico e manifestações de seu transtorno mental: a Esquizofrenia.

O filme já inicia com o diagnóstico do paciente, em vários momentos é citado, mas o mais interessante é que ele relata o processo da vida do músico, desde o primeiro surto, o abandono dos estudos, e, infelizmente, transformar-se em um sem-teto, com transtorno mental crônico e não tratado devidamente. Uma realidade que atinge algumas das pessoas em situação de rua no mundo, sem tratamento e sem acompanhamento e apoio devido. Vale muito a pena assistir o filme.

Segundo a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-V, a Esquizofrenia é uma doença que faz parte dos transtornos do "Espectro da Esquizofrenia e outros Transtornos Psicóticos", é uma síndrome clínica heterogênea, seus sintomas característicos envolvem uma série de disfunções cognitivas, comportamentais e emocionais. Lembrando que não existe nenhum sintoma patognomônico do transtorno.

O diagnóstico de esquizofrenia envolverá o reconhecimento de um conjunto de sinais e sintomas que fazem parte da síndrome associados a um funcionamento social, profissional e da organização da vida diária prejudicados. O que notamos claramente no personagem Nathaniel Ayers do filme "O Solista".

A esquizofrenia tem prevalência ao longo da vida, segundo o DSM-V, de 0,3 a 0,7% da população atual. 

Os sintomas psicóticos que compõe a clínica dessa síndrome, chamada atualmente de transtorno, costumam surgir entre o fim da adolescência e meados dos 30 anos,  (o personagem em questão manifesta os primeiros sintomas em sua adolescência). Vamos lembrar que raramente inicia antes da adolescência, porém, existe esquizofrenia na infância. 

Critérios diagnósticos do DSM-V para Esquizofrenia:

A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3):

  1. Delírios.
  2. Alucinações.
  3. Discurso desorganizado.
  4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
  5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia).

B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência, incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional).

C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis meses deve incluir no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério A (i.e., sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas, experiências perceptivas incomuns).

D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas são descartados porque 1) não ocorreram episódios depressivos maiores ou maníacos concomitantemente com os sintomas da fase ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da doença.

E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.

F. Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso).

Vale lembrar que todo ser humano merece condições dignas de vida, condições dignas de tratamento de saúde, e que a esquizofrenia é um problema de saúde que merece todo cuidado possível! Se você conhece alguém ou está passando por um momento de dificuldade procure ajuda de um profissional especializado na área. 

CURIOSIDADE:  O filme é baseado em fatos reais e Nathaniel Ayers, sua irmã Jennifer e o jornalista Steve Lopez participaram como consultores do filme.

Espero que tenham gostado da análise. Deixe nos comentários o que você achou do projeto e sugestões de filmes para os próximos #CinePsiquiatria.

Esse foi o post CinePsiquiatria #5.  

 


Aguardem que nos próximos dias vai iniciar mais uma votação para a 6ª Edição do Projeto!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  1. Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5). Porto Alegre: Artmed; 2014.
  2. Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed; 2008.
  3. JASPERS, K. Psicopatologia geral. Rio de Janeiro: Atheneu, 1979.
  4. KAPLAN, H.; SADOCK (Orgs). Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Porto Alegre: Artmed, 11ª Edição, 2016.

 


Clique aqui para seguir o Dr. Eduardo Alcantara na Academia Médica e para acompanhar o projeto #CinePsiquiatria e os próximos artigos sobre a especialidade. 

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