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Cientistas desenvolvem sessões de terapia com realidade virtual que beneficiam pacientes com agorafobia severa

Cientistas desenvolvem sessões de terapia com realidade virtual que beneficiam pacientes com agorafobia severa
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abr. 27 - 4 min de leitura
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Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, desenvolveram um método de terapia cognitiva de realidade virtual automatizada centrada no usuário visando tratar sintomas de ansiedade e sofrimento psíquico em pacientes com agorafobia severa. 

Após 6 sessões de terapia, constatou-se que os pacientes foram beneficiados positivamente e sofreram menos com sintomas de angústia agorafóbica.  Em síntese, os pesquisadores destacaram que  aceitação da terapia de realidade virtual foi muito alta e o sucesso do método foi mais perceptível em pacientes com agorafobia severa. O estudo foi publicado no dia 5 de abril de 2022 pela The Lancet Psichiatry.

A criação da terapia com uso de realidade virtual 

O design desenvolvido pelos pesquisadores, foi batizado como gameChange e projetado para oferecer  6 sessões de terapia com o uso de um programa de realidade virtual. Na prática, um terapeuta virtual orienta o participante através de simulações destinadas a limitar o uso de defesas. O tratamento psicológico de pessoas com psicose é desafiador devido ao número limitado de terapeutas treinados na área.

Além disso, internacionalmente, apesar deste método mostrar melhora clínica, as terapias são raramente organizadas com tempo hábil para os terapeutas realizarem aprendizado ativo direto em situações reais com seus pacientes. A fim de promover esse conhecimento ativo de mundo real e uma ressignificação de momentos de gatilho, o uso de realidade virtual imersiva pode reproduzir as situações cotidianas que provocam ansiedade em um ambiente controlado e guiado por terapeutas.

Com o uso da tecnologia, os pacientes participam e aprendem mais facilmente em simulações de situações que provocam ansiedade porque sabem que as recreações não são reais, e assim, há um distanciamento psicológico das reações problemáticas e o oferecimento de uma oportunidade de praticar novas respostas e reações dos pacientes frente as situações cotidianas. Também, ao automatizar a entrega de terapia em realidade virtual, a dependência de terapeutas treinados é removida.

A análise do método terapêutico

Entre 25 de julho de 2019 e 7 de maio de 2021, 551 pacientes foram avaliados quanto à elegibilidade e 346 foram inscritos — 67% do grupo composto por  homens e 32% por mulheres. 

Segundo os pesquisadores, 174 pacientes foram aleatoriamente designados para o grupo de terapia gameChange VR e 172 para o grupo de tratamento usual sozinho. Após 6 sessões, o grupo de terapia gameChange teve reduções significativas na evitação agorafóbica  e angústia. 

A pesquisa também revelou que os pacientes recrutados no início da pesquisa com agorafobia grave foram capazes de andar na rua ou ir a um shopping por conta própria, após 26 semanas  de terapia de realidade virtual.

Também houve melhorias na paranoia e na recuperação da qualidade de vida nas pacientes que usaram a terapia de realidade virtual. Contudo, é importante que o paciente tenha o apoio da equipe de psicólogos, supervisão regular, para que a terapia com realidade virtual seja bem-sucedida e eficaz.

O que é agorafobia? 

A agorafobia é um transtorno de ansiedade que se desenvolve após um ou mais ataques de pânico. A doença se manifesta por sentimentos de  medo e ansiedade de ficar em situações ou locais em que não seja possível escapar ou não ter ajuda disponível no caso de desenvolver sintomas semelhantes ao pânico ou outros sintomas incapacitantes, ou embaraçosos.

Assim, pacientes com esse transtorno acham atividades rotineiras intensamente angustiantes e acabam evitando situações cotidianas, como andar na rua, ir a uma loja local ou entrar em um ônibus. Essa ansiedade leva ao afastamento das situações cotidianas, afetando negativamente a saúde mental e física dessas pessoas.

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Referência

  1. FREEMAN, Daniel et al. Automated virtual reality therapy to treat agoraphobic avoidance and distress in patients with psychosis (gameChange): a multicentre, parallel-group, single-blind, randomised, controlled trial in England with mediation and moderation analyses. The Lancet Psychiatry, 2022. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/s2215-0366(22)00060-8. Acesso em 25 de abril de 2022.

 

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