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Café Sempre

Café Sempre
Crônicas de Anestesia
set. 19 - 4 min de leitura
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Uma substância desconhecida. Um neuroestimulante potente. A ponte que faltava para que muitas sinapses soltassem faísca e os pensamentos voassem. Estrelas nascendo desta grande união. O ser humano nunca mais foi o mesmo. O ser humano melhor e com um intelecto elevado surgia. Como a chama roubada do mito de Prometeu. A História não foi mais a mesma por causa disso. O líquido escuro, o berço de uma nova civilização estava ali, em uma xícara de café.

As suas origens confundem-se com o tempo. O passado e o futuro estavam ligados naquela planta em algum lugar da Arábia. Alguém a descobriu, experimentou seus grãos amargos. Tentou mastigá-los! Foram levados ao fogo e torrados e depois amolecidos com água na tentativa de torná-los mais palatáveis. O suco que daí surgiu foi a primeira amostra de um mundo totalmente novo. Nada mais foi igual.

Logo os mercadores da região perceberam o potencial da planta e o alto consumo da bebida entre os locais. Como um rastilho de pólvora o café se espalhou. Mudas foram levadas às Américas e à Índia. As plantações cresceram e se expandiram, principalmente na América do Sul. Pronto, o globo estava tomado e tomava cada vez mais café. Mas qual o segredo? O que esta substância fazia(e faz) com o cérebro? Por que gostamos tanto de café? Uma coisa é certa, mais que uma bebida, o café transmutou-se em um motor social, político e econômico.

Temos um bom exemplo do poder do café. Por volta de 1773  colonos americanos revoltados com os altos impostos cobrados pela coroa britânica lançaram ao mar vários sacos de chá no porto de Boston e adotaram o café como sua bebida favorita. O café funcionou como um combustível de novas ideias e neste caso a revolução americana, culminando com a independência dos Estados Unidos, a nação mais desenvolvida do mundo. Até hoje os americanos consomem muito café, no entanto, cabe aos finlandeses o título de maiores consumidores de café da Terra.

A cafeína age como um estimulante cerebral. Melhora a coordenação motora, ativa vias cognitivas, nos torna mais atentos e alertas. Também tem outros efeitos orgânicos como broncodilatação,  aumenta a produção de urina, a pressão arterial(altas doses) e a frequência cardíaca. O consumo moderado não possui contraindicações, no entanto, vicia. Mesmo os cafés ditos “descafeinados” possuem pequenas doses de cafeína.

Existem evidências de que o consumo de café está relacionado à menor incidência de doença de Parkinson, diabetes tipo 2, cirrose hepática e carcinoma hepático.  Sua atividade antioxidante contribui para a manutenção das funções cognitivas durante a velhice(ainda bem!).

As cafeterias que surgiram no século XIX tornaram-se usinas de grandes mentes. O café impulsionou a filosofia e ótimas ideias surgiram por sua conta. Kant, Victor Hugo, Herman Hesse, Pessoa, Millôr Fernandes e até Sheldon Cooper são alguns exemplos de grandes vultos influenciados de uma forma ou de outra pela cafeína.

À parte essas informações técnicas, o café é uma bebida social e que possui o benefício de não causar embriaguez. Uma cafeteira das mais sofisticadas ou um café passado da forma mais simples em um filtro de plástico transformam um lugar. O seu cheiro domina o ambiente e causa um grande bem-estar. Pausa para o café e para uma boa conversa com a mente mais clara. Uma caneca de café afasta a tristeza, é um refresco para a alma.

O café nosso de cada dia nos oferece um empurrão para continuarmos. Viciados ou não, bebedores habituais ou eventuais, não há dúvida do grande benefício que ele trouxe às nossas sociedades. Onde há café, há vida e atividade permanente. Com uma grande caneca de café nas mãos eu termino este texto dizendo: aos que estão prestes a tomar café, eu os saúdo!

Leia mais @cronicasdeanestesia


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