No dia 02 de abril, comemoramos o “Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo”. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), é comemorada no mundo inteiro desde 2008 e tem o objetivo de dar visibilidade e fortalecer a conscientização à causa do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com isso, acredita-se que as pessoas possam ser mais bem incluídas socialmente.
O mês de ABRIL é representado pela COR AZUL, devido a maior incidência de autismo em meninos. Já o logotipo da peça de QUEBRA CABEÇA simboliza a complexidade do autismo e seus diferentes espectros.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas possuem autismo no mundo. No Brasil, existe uma estimativa:
“A estimativa é que haja dois milhões de pessoas com autismo no Brasil." (Agência Câmara de Notícias, 2021).
É importante considerar que o autismo pode se manifestar de muitas maneiras. A ONG Autism Speaks reforça essa questão:
“Sabemos que não existe um autismo, mas muitos subtipos, mais influenciados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Como o autismo é um transtorno do espectro, cada pessoa com autismo tem um conjunto distinto de pontos fortes e desafios. As maneiras pelas quais as pessoas com autismo aprendem, pensam e resolvem problemas podem variar de altamente qualificadas a severamente desafiadas. Algumas pessoas com TEA podem precisar de apoio significativo em suas vidas diárias, enquanto outras podem precisar de menos apoio e, em alguns casos, viver de forma totalmente independente." (Autismspeaks.org, 2022)
Deste modo, entendo que a maior estratégia para fortalecer a conscientização sobre o TEA é ampliar conhecimentos. Logo, o acesso à informação e a troca de conhecimentos é um processo que deve ser compartilhado por equipes multiprofissionais e familiares.
Neste sentido, são exemplos de ações: formações, leitura de bons livros e de documentos com abordagens atuais que tenham veracidade, compatibilidade com a ciência e considerem as legislações existentes sobre o autismo.
Baptista (2007), já abordava esta questão. O autor relata que desde a década de 1940, quando ocorreram as primeiras publicações sobre o autismo por Leo Kanner, a necessidade de humildade e cautela diante do tema na compreensão sobre o autismo.
Em resumo, a compreensão do TEA exige: constante aprendizado e revisão contínua sobre nossas convicções, valores e conhecimentos sobre o mundo e, sobretudo, sobre nós mesmos.
Leia também: OMS oferta treinamento on-line para cuidadores de crianças autistas
5 livros sobre Transtorno do Espectro Autista (TEA)
A partir do contexto, apresentado, selecionei algumas indicações de leitura sobre TEA com base na minha formação, enquanto pesquisadora e educadora pela paixão e pelo amor em querer aprender sempre mais sobre o assunto.
Essa aprendizagem começou em 2013, quando conheci dois alunos com TEA em uma escola pública do estado de São Paulo. Na época, um desafio de aprendizagem: desconhecido, incompreendido, fascinante e desafiador. E, de lá para cá a busca por novos conhecimentos ampliou-se incessantemente, para que os mesmos possam dar subsídios para ampliar e fortalecer conhecimentos.
Compartilhar conhecimento é uma forma de fazer com que essas pessoas possam ter mais garantia de atendimento e acesso a ambientes físicos e sociais que sejam inclusivos, acolhedores e humanizados. Abaixo 5 livros sobre TEA!
1. O Cérebro Autista - A vanguarda da Ciência sobre o autismo
O livro de Temple Grandin e Richard Paneck é uma das mais interessantes e importantes obras sobre a temática, contando a história dos primeiros diagnósticos de autismo que datam de 1943. Nesta época muitas perguntas surgiram acerca da origem e características do TEA, fazendo com que diversas descobertas fossem realizadas ao longo do tempo.
2. S.O.S Autismo
Guia que aborda as características do TEA, desmistificando alguns estereótipos associados as pessoas autistas. Além disso, a obra informa o público sobre as abordagens de pais, professores, terapeutas e outros profissionais através de linguagem acessível e simples. É desenvolvido por Mayra Gaiato, uma psicóloga que estuda o assunto.
3. Mentes Únicas
Em “Mentes Únicas”, Luciana e Clay Brites, apresentam uma visão história do autismo e lançam luz ao preconceito vivido por pessoas no espectro. O conteúdo traz muitas reflexões sobre a importância de construir e compartilhar conhecimento sobre o tema com profissionais de saúde e com a sociedade, de modo geral. É um livro de qualidade, que desmistifica preconceitos e capacitismo.
4. Intervenção Precoce em Crianças com Autismo
O livro Intervenção Precoce em Crianças com Autismo de Sally J. Rogers e Geraldine Dawson, é voltado para crianças da educação infantil ou berçário, onde são apresentados casos verdadeiros e práticos das estratégias utilizadas para auxiliar no desenvolvimento de autistas. A obra traz intervenções individuais e em grupo que ajudam as crianças a se comunicarem de forma eficaz.
5. Atenção Interdisciplinar ao Autismo
Organizado pelas coordenadoras do Programa de Atenção Interdisciplinar ao Autismo (PRAIA)— da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Amélia Cardoso e Maria Luísa Magalhães Nogueira, conta com 20 capítulos ilustrados por mais de 40 artistas autistas da Galeria Aut.
A Galeria AUT é feita por pessoas com autismo, pesquisadores e profissionais da área, de diferentes programas de pesquisa e clínicas no país.
Legislações e documentos sobre o TEA
Visando compartilhar informações importantes sobre o TEA, também selecionei algumas indicações de legislações e documentos relacionados ao tema. Confira abaixo:
• Lei federal 12.764/2012: maior marco legislativo para o autismo no Brasil que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Acesse aqui!
• Lei Brasileira de Inclusão – nº 13.146/2015: destinada a assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. Está disponível no site!
• Kit para os primeiros 100 dias: um kit de ferramentas para auxiliar as famílias nos 100 primeiros dias após o diagnóstico de autismo. Disponível para download gratuito no site da Autism Speaks.
• Pesquisa que reforça a importância de exames genéticos especializados para pessoas com autismo. Publicação disponível no Jama Psychiatry.
• Artigo científico sobre respostas neurais à fala ativa, que mapeiam perfis de rastreamento ocular clínico e social em crianças com TEA. Publicação disponível na Revista Nature!
Saiba mais: Troca de informações e conhecimentos se fazem necessários com a nova versão da CID-11 para pessoas com TEA
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Referências
- AUTISM SPEAKS. O que é autismo? Não existe um tipo de autismo, mas muitos. Disponível em: https://www.autismspeaks.org/what-autism Acesso: 10 de mar. de 2022.
- BAPTISTA, Claudio Roberto. Autismo e Educação: Reflexões e propostas de intervenção. Artmed, Porto Alegre, 2007.
- CÂMARA DOS DEPUTADOS – SAÚDE. Inclusão de perguntas no Censo para identificar casos suspeitos de autismo divide opiniões. Agência Câmara de Notícias. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/818186-inclusao-de-perguntas-no-censo-para-identificar-casos-suspeitos-de-autismo-divide-opinioes/ Acesso: 08 dez. 2022.