Pesquisadores do National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos identificaram mudanças rápidas e distintas no sistema imunológico de indivíduos que adotaram dietas veganas ou cetogênicas (keto), segundo estudo divulgado em 30 de janeiro de 2024 em Science Daily. Esta investigação realizada por cientistas do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) e do National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK), acompanhou de perto as respostas biológicas de pessoas submetidas a essas dietas de forma sequencial por duas semanas cada, em ordem aleatória.
O estudo observou que a dieta vegana promoveu respostas relacionadas à imunidade inata — a primeira linha de defesa não específica do corpo contra patógenos — enquanto a dieta cetogênica induziu respostas ligadas à imunidade adaptativa, que é a imunidade específica contra patógenos desenvolvida através de exposições no cotidiano e vacinação. Além disso, foram notadas alterações metabólicas e nos microbiomas dos participantes, o que sugere uma interação complexa entre dieta, metabolismo e imunidade.
O estudo envolveu 20 participantes de diversas etnias, raças, gêneros, índices de massa corporal (IMC) e idades. Cada participante consumiu, conforme desejado, uma dieta (vegana ou cetogênica) por duas semanas, seguida pela outra dieta por igual período. A dieta vegana adotada continha cerca de 10% de gorduras e 75% de carboidratos, enquanto a cetogênica apresentava aproximadamente 76% de gorduras e 10% de carboidratos. Curiosamente, os indivíduos na dieta vegana optaram por consumir menos calorias em comparação aos na dieta cetogênica.
Para análise dos efeitos das dietas, os pesquisadores empregaram uma abordagem de "multi-ômica", avaliando conjuntos de dados para examinar respostas bioquímicas, celulares, metabólicas e imunológicas, além de alterações no microbioma. Os participantes permaneceram nas instalações durante todo o estudo de um mês, permitindo um controle rigoroso das intervenções dietéticas.
Os resultados mostraram que a dieta vegana impactou significativamente vias ligadas ao sistema imune inato, incluindo respostas antivirais, enquanto a dieta cetogênica resultou em aumentos notáveis em processos bioquímicos e celulares ligados à imunidade adaptativa, evidenciando um efeito profundo sobre os níveis de proteínas no plasma sanguíneo e abrangendo uma gama mais ampla de tecidos, como sangue, cérebro e medula óssea.
Ambas as dietas provocaram mudanças nos microbiomas dos participantes, levando a alterações na abundância de espécies bacterianas intestinais previamente associadas a esses regimes alimentares. A dieta cetogênica foi associada a mudanças no metabolismo de aminoácidos, refletindo possivelmente o maior consumo de proteínas por pessoas nesta dieta.
Os autores destacam que as alterações imunológicas e metabólicas distintas provocadas pelas duas dietas foram observadas apesar da diversidade dos participantes, indicando que mudanças dietéticas afetam consistentemente vias interconectadas no corpo.
Mais pesquisas são necessárias para entender como essas intervenções nutricionais afetam componentes específicos do sistema imunológico e se essas alterações são benéficas ou prejudiciais. Os resultados sugerem a possibilidade de personalizar dietas para prevenir doenças ou complementar tratamentos, como retardar processos associados a câncer ou distúrbios neurodegenerativos, abrindo novas perspectivas para intervenções terapêuticas nutricionais.
Se você ficou interessado em aprofundar o seu conhecimento nas descobertas deste estudo, disponibilizamos aqui o link de acesso para a pesquisa na íntegra 🔎
Referência:
NIH/National Institute of Allergy and Infectious Diseases. "Switching to vegan or ketogenic diet rapidly impacts immune system." ScienceDaily. ScienceDaily, 30 January 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/01/240130133537.htm>.