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Fadiga da disponibilidade x estresse agudo: saiba o que é e como afeta a saúde

Fadiga da disponibilidade x estresse agudo: saiba o que é e como afeta a saúde
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mar. 28 - 5 min de leitura
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Você já teve a sensação de cansaço por estar disponível 24 horas por dia em grupos de WhatsApp e compromissos on-line? Com as adaptações no formato de trabalho durante a pandemia, muitas pessoas passaram a utilizar ferramentas digitais para se comunicar, fazer reuniões e organizar as demandas.

O problema é que os limites entre a vida pessoal e profissional ficaram mais desafiadores e, de repente, as demandas cresceram em um nível altíssimo e essas facilidades da internet para trabalhar tornaram-se também motivo de exaustão, estresse e ansiedade. 

Pare e imagine a seguinte cena: o despertador do seu celular toca pela manhã e, automaticamente, você abre o WhatsApp (por força do hábito) antes de começar a tomar café da manhã e se depara com várias mensagens acumuladas em grupos de trabalho. 

Só de ver as notificações, a ansiedade em dar conta do dia já se manifesta e, em vez de tomar um café da manhã sem preocupações, você já lista automaticamente tudo o que precisa fazer no dia e corre para o computador, checa e-mails, participa de reuniões on-line e no fim do expediente se dá conta que o dia não foi produtivo porque tudo o que você fez foi estar disponível para resolver outros problemas? Se identifica? Se a resposta é sim, saiba que você não está sozinho (a) e que os cientistas inventaram um nome para isso: fadiga da disponibilidade.

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Na prática, essa condição  está associada à exaustão causada pelas interrupções na rotina para atender  demandas alheias. A seguir, saiba mais sobre o assunto!

Fadiga da disponibilidade x estresse agudo no trabalho:  o que diz a ciência?

Com o objetivo de  descobrir de que forma a fadiga da disponibilidade está relacionada aos efeitos do estresse agudo no trabalho, pesquisadores suíços convidaram um grupo com 90 pessoas que foram expostas a duas situações: grupo de controle ou estresse psicossocial gerado com, ou sem interrupções de trabalho. 

Para examinar os efeitos do estresse psicossocial no ambiente de trabalho gerado por interrupções, os cientistas criaram um ambiente de escritório em um laboratório realista e usaram uma adaptação do procedimento de Trier Social Stress Test for Groups que consiste na indução do estresse de modo confiável.

Neste processo, os cientistas estabeleceram critérios de análise, como: 

  1. Monitoramento e variabilidade da frequência cardíaca;
  2. Avaliação das  mudanças no cortisol por meio da coleta de amostras de saliva;
  3. Avaliação cognitiva do teste de estresse psicossocial.

Ao expor os resultados da exposição do grupo, os pesquisadores relataram que há muitas diferenças entre os grupos. As pessoas avaliadas logo após realizarem o teste ou durante o processo, revelaram diversas alterações no humor, na frequência e variabilidade cardíaca, no cortisol salivar, entre outros fatores. 

As interrupções de trabalho, por sua vez, levaram as pessoas a desenvolverem uma reatividade psicológica embotada no estresse pessoal e também aumentam o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal que controla questões hormonais, regularidade do sono e que influenciam a ocorrência de um desgaste emocional.

Ao fazer uma avaliação cognitiva das interrupções, os pesquisadores também descobriram que interrupções constantes no trabalho aumentaram o sofrimento psíquico dos trabalhadores e que o estresse induzido experimentalmente levou a respostas significativas de medidas subjetivas de estresse no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e no sistema nervoso autônomo. 

Vale ressaltar que as análises revelaram diferenças existentes entre as respostas e biológicas às interrupções de trabalho. Sendo assim, os cientistas entendem que é importante avaliar o estresse psicossocial não somente como uma ameaça, mas como um desafio que reflete no estado de estresse.

Diante das evidências científicas, uma das maneiras de aliviar a tensão e o estresse que a fadiga da disponibilidade causa é fazer um “detox” digital. Como o próprio nome diz, o “detox” consiste em estabelecer momentos para se desintoxicar das notificações — neste caso relacionadas ao trabalho.

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Não existe uma receita de bolo para começar o detox, mas é importante incluir limites para estar disponível, como, por exemplo: estabelecer um horário máximo para  usar o celular, checar e-mails apenas em momentos específicos do dia e separar momentos de desconexão total com os compromissos on-line. Na prática, fazer essas mudanças é um desafio, mas saiba que ao fim de tudo, sua saúde mental agradece!

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Referência

  1. KERR, Jasmine I. et al. The effects of acute work stress and appraisal on psychobiological stress responses in a group office environment. Psychoneuroendocrinology, v. 121, p. 104837, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2020.104837. Acesso 25/02/2022

 


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