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Genética destaca relação entre depressão e outros distúrbios psiquiátricos

Genética destaca relação entre depressão e outros distúrbios psiquiátricos
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ago. 29 - 4 min de leitura
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Uma pesquisa da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, além de apresentar resultados sobre a predisposição genética para a depressão e outras condições psiquiátricas,  também destaca o avanço significativo da medicina preventiva e personalizada.

Ao decifrar a complexa rede de interações genéticas, os cientistas estão nos aproximando de um momento em que os tratamentos psiquiátricos poderão ser adaptados às necessidades individuais com uma precisão nunca vista; além disso, a conexão identificada entre as variantes genéticas e os níveis educacionais oferece uma perspectiva fascinante sobre como nossa genética pode influenciar aspectos diversos de nossas vidas.

A pesquisa da Universidade de Aarhus, com publicação na revista Nature Medicine, descobriu que o risco genético de depressão pode estar intrinsecamente ligado a um maior risco de outros diagnósticos psiquiátricos. Ao analisar o genoma de 1,3 milhão de pessoas – das quais mais de 370.000 foram diagnosticadas com depressão – os cientistas identificaram que aqueles com depressão que receberam tratamento em internação hospitalar têm uma propensão significativamente maior de desenvolver condições como abuso de substâncias, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtornos de ansiedade.

Um destaque notável é que os indivíduos internados em hospitais devido à severidade de sua depressão possuem características genéticas específicas, e uma predisposição genética elevada ao transtorno bipolar. Esses indivíduos têm uma probabilidade 32 vezes maior de desenvolver a doença comparado à população geral.  Aqueles com propensão à esquizofrenia, por sua vez, apresentam um risco 14 vezes maior.

Anders Børglum, professor da Universidade de Aarhus e líder do estudo, aponta que essas descobertas poderiam desencadear o desenvolvimento de medidas preventivas e tratamentos mais precoces para pessoas em situação de alto risco. Identificar aqueles com depressão e um alto risco genético de abuso de substâncias, por exemplo, poderia auxiliar na adoção de medidas preventivas, minimizando o surgimento de problemas relacionados ao consumo de drogas.

Além disso, o estudo lançou luz sobre novas variantes e genes de risco para depressão, que podem fornecer compreensões mais profundas sobre os mecanismos biológicos da doença. Thomas Als, principal autor do estudo, mencionou que estas descobertas sugerem um impacto abrangente no desenvolvimento e comunicação das células cerebrais.

A pesquisa também sugere que a depressão pode ter raízes em estágios muito iniciais de desenvolvimento. Børglum ressalta: "Encontramos evidências de que parte do risco genético já está influenciando as células cerebrais na fase embrionária, indicando que a depressão pode, em certo grau, ser um distúrbio do desenvolvimento neuronal".

Esta investigação é um lembrete poderoso da importância contínua da pesquisa e da busca inabalável pelo conhecimento. À medida que continuamos a explorar o intrincado mapa do genoma humano, fica evidente que estamos à beira de uma nova era na medicina, marcada por avanços significativos e insights mais profundos, com o potencial de influenciar o tratamento e a compreensão de diversas condições em escala global.  


Leia também: 


Referências: 

  • Als, T.D., Kurki, M.I., Grove, J. et al. Depression pathophysiology, risk prediction of recurrence and comorbid psychiatric disorders using genome-wide analyses. Nat Med 29, 1832–1844 (2023). https://doi.org/10.1038/s41591-023-02352-1



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