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Grey's Anatomy e a sexualização da saúde

Grey's Anatomy e a sexualização da saúde
Caroline Ahrens Ortolan
nov. 3 - 4 min de leitura
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"Nobody knows where they might end up

Nobody knows

Nobody knows where they might wake up

Nobody knows..."


Se você leu o trecho da música acima cantando, tenha certeza de que você já assistiu a uns quantos episódios da série médica de sucesso Grey's Anatomy. A produção, que já está em sua 18ª temporada, conquistou fãs ao redor do mundo, e dentre seus espectadores encontram-se muitos profissionais ou estudantes da área da saúde. 

A série tem como tema central as relações pessoais e profissionais que acontecem, dentro do ambiente hospitalar, principalmente entre médicos, enfermeiros, pacientes e outros profissionais da saúde. Embora haja um grande suporte por trás do roteirista para que haja um "toque" de medicina no roteiro da série, bastam alguns episódios para que se repare que não são as salas cirúrgicas o principal ambiente deste hospital, mas sim os chamados "on call rooms". Isso porque a trama toda (inclusive a abertura dos episódios, embalados ao som da canção que iniciou este texto) traz à tona aspectos sexuais e hiperssexualizados, diga-se de passagem, que surgem entre os personagens.

Ora, sabemos que os profissionais da saúde são, ao mesmo tempo, sujeitos de serem erotizados (como as vergonhosas fantasias de "enfermeira sexy" que vemos por aí) mas também podem transformar uma situação de vulnerabilidade na relação médico-paciente em uma possibilidade de violência sexual. Os casos são inúmeros e foram destacados na Websérie Dimensões da Violência Sexual em Ambientes de Saúde, produzida pela Academia Médica.

Tendo este panorama em vista, não é difícil perceber que não somente casos em que há pacientes envolvidos, mas também dentro das hierarquias existentes entre profissionais de saúde, existe a possibilidade de abuso moral e sexual. Como acadêmica de Medicina, sei bem as histórias de outras alunas que foram importunadas por residentes, chefes e até professores. Ao fazer plantões noturnos, senti na pele a angústia da possibilidade de dividir o estar médico com profissionais do sexo masculino para dormir enquanto de sobreaviso. Ter que escolher o pijama cirúrgio mais largo para não atrair olhares incômodos dos meus superiores. 

Ao abordarmos o abuso sexual nos espaços de saúde, não podemos somente nos ater aos casos que envolvem pacientes. Temos que levar a luz também à violência que pode acontecer entre os próprios profissionais. Nisso, busco destacar o papel que as produções de entretenimento que têm como foco a saúde exercem na propagação - ou combate ao - do estereótipo que nos ilustra o que a expressão "brincar de médico" significa.

Ambientes de saúde e de aprendizados devem ser seguros para todos, e o esforço para garatirmos tem que vir de cada um de nós.

Neste sentido, o projeto Legados tem como objetivo proporcionar aos interessados a base para combater a violência sexual de maneira ativa, abrindo os caminhos para a resolução de problemas complexos de forma colaborativa e inovadora. O programa tem como intuito previnir a violência sexual em ambientes de saúde e, para isso, ao final dos encontros será elaborado um plano de ação pelos participantes, para ser entregue aos gestores e resposáveis por essas instuições. 

Ficou interessado em mudar esse cenário? 

Acesse este link para saber mais sobre o programa e fazer sua inscrição! 


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