A hipotensão ortostática, uma condição caracterizada pela queda da pressão arterial ao passar da posição sentada ou deitada para a posição em pé, é uma preocupação clínica comum, especialmente em pacientes com hipertensão. Em um estudo publicado no JAMA, em 17 de outubro de 2023, pesquisadores realizaram uma meta-análise para entender melhor essa relação e suas implicações no tratamento da hipertensão.
Na sequência, apresentamos a tabela que detalha as características dos participantes, diferenciadas por Hipotensão Ortostática e por Hipotensão ao Ficar de Pé:
Fonte: JAMA.
doi:10.1001/jama.2023.18497
Principais Descobertas:
Prevalência e Causas: A hipotensão ortostática afeta até 10% dos adultos com hipertensão. Essa prevalência pode ser parcialmente atribuída ao uso de medicamentos anti-hipertensivos e é associada a resultados adversos, incluindo eventos de doença cardiovascular (CVD) e morte.
Associação com Tratamento Anti-hipertensivo: Contrariamente à crença anterior, estudos recentes mostraram que o tratamento intensivo da pressão arterial ou as principais classes de anti-hipertensivos não estavam associados à hipotensão ortostática.
Análise Atual: A pesquisa atual investigou a hipotensão ortostática e a hipotensão em pé (pressão arterial ≤110/≤60 mm Hg) como fatores de risco para eventos de CVD ou mortalidade por todas as causas em adultos com hipertensão. A seguir, disponibilizamos uma tabela que detalha a atribuição de tratamento e os resultados em estratos de hipotensão ortostática em relação à doença cardiovascular ou mortalidade por todas as causas, segmentada por ensaio:
Fonte: JAMA. doi:10.1001/jama.2023.18497
Já na figura a seguir, é possível visualizar a atribuição de tratamento e os respectivos resultados em diferentes estratos de hipotensão em pé, focando nas consequências para doenças cardiovasculares, mortalidade por todas as causas e a relação destes resultados por ensaio clínico:
Fonte: JAMA.
doi:10.1001/jama.2023.18497
4. Resultados Significativos: Embora a hipotensão ortostática e a hipotensão em pé estivessem associadas a um maior risco de CVD ou mortalidade, essas associações não diferiram com base na meta de tratamento da pressão arterial. O tratamento mais intensivo reduziu o risco de CVD ou mortalidade, independentemente do status da hipotensão ortostática.
Implicações Clínicas:
A hipotensão ortostática e a hipotensão em pé não devem ser fatores dissuasivos para a adoção de um tratamento mais intensivo da pressão arterial em adultos com hipertensão.
As diretrizes clínicas atuais que recomendam rastreamento para hipotensão ortostática antes de iniciar o tratamento anti-hipertensivo podem precisar ser revisadas à luz destas descobertas.
É importante notar que o estudo se concentrou na hipotensão sem sintomas. Portanto, ajustes no tratamento ainda podem ser relevantes em casos de hipotensão sintomática.
Limitações:
O estudo, embora abrangente, apresentou várias limitações, incluindo variabilidade entre os ensaios em termos de populações, procedimentos e intervenções; e falta de informação sobre etiologias autonômicas da hipotensão ortostática ou frequência cardíaca.
Em conclusão, esta análise meta-analítica ressalta a importância de reavaliar nossas práticas clínicas atuais à luz de evidências emergentes. Enquanto a hipotensão ortostática e em pé estão associadas a resultados adversos, elas não devem necessariamente guiar decisões terapêuticas no contexto do tratamento da hipertensão.
Leia também:
Referência:
Juraschek SP, Hu J, Cluett JL, et al. Orthostatic Hypotension, Hypertension Treatment, and Cardiovascular Disease: An Individual Participant Meta-Analysis. JAMA. 2023;330(15):1459–1471. doi:10.1001/jama.2023.18497