A Universidade de East Anglia, no Reino Unido, apresentou uma inovação tecnológica destinada a revolucionar o cuidado de gestantes com diabete tipo 1. No estudo publicado em 05 de outubro de 2023, é introduzida a "tecnologia de circuito fechado híbrido" ou "Pâncreas Artificial". Operada por um algoritmo em smartphones, essa tecnologia provou ser significativamente mais eficaz no controle dos níveis de açúcar no sangue durante a gravidez em comparação aos métodos tradicionais.
🚀 Entendendo a tecnologia:
O Pâncreas Artificial é um sistema integrado que une o monitoramento contínuo da glicose e os sistemas de bomba de insulina. O algoritmo, instalado no smartphone, ajusta as doses de insulina a cada 10-12 minutos conforme os níveis de glicose no sangue. Assim, adapta-se continuamente às mudanças persistentes nos níveis de açúcar durante toda a gravidez.
🚀 O estudo e seus resultados:
O estudo envolveu 124 gestantes com diabete tipo 1, entre 18 e 45 anos, que já faziam uso de terapia com insulina. As participantes foram divididas aleatoriamente entre aquelas que utilizariam a tecnologia de circuito fechado híbrido e aquelas que continuariam com os métodos tradicionais. Os resultados foram promissores:
- Em média, as gestantes utilizaram o Pâncreas Artificial em mais de 95% do tempo.
- Observou-se que a tecnologia ajudou a reduzir significativamente os níveis de glicose materna ao longo da gestação.
- Em comparação com os métodos tradicionais, as mulheres que usaram a nova tecnologia passaram mais tempo no intervalo ideal de glicemia durante a gravidez (68% vs. 56%), o que se traduz em um adicional de duas horas e meia até três horas por dia.
- A implementação da tecnologia ocorreu de forma segura já no primeiro trimestre gestacional, um período crítico para o desenvolvimento fetal.
- As melhorias nos níveis de glicose foram consistentes em mães de todas as idades e independentemente dos níveis anteriores de glicose ou da terapia de insulina prévia.
- Importante salientar que essas melhorias foram alcançadas sem eventos adicionais de hipoglicemia e sem a necessidade de insulina extra.
Adicionalmente, as gestantes que utilizaram a tecnologia ganharam 3,5 kg menos e apresentaram menores complicações relacionadas à pressão arterial. Além disso, elas tiveram menos consultas clínicas antenatais e menos interações fora do horário com equipes clínicas, indicando que a tecnologia pode também trazer benefícios em termos de economia de tempo para as futuras mães e para os serviços de maternidade sobrecarregados.
A Professora Helen Murphy, pesquisadora líder do estudo, destacou que essa tecnologia é revolucionária, permitindo que mais mulheres tenham gestações mais seguras, saudáveis e prazerosas, com benefícios potencialmente duradouros para seus bebês.
No entanto, os pesquisadores indicam algumas limitações, como o tamanho da amostra, que não permitiu uma análise detalhada dos resultados de saúde dos bebês, e a especificidade da tecnologia usada.
Em suma, este avanço tecnológico representa uma esperança renovada para gestantes com diabete tipo 1, enfatizando o poder da tecnologia em melhorar os cuidados de saúde e os resultados para mães e bebês. 🤰
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Referência:
- University of East Anglia. "New technology 'game changing' for pregnant women with diabetes." ScienceDaily. ScienceDaily, 24 October 2023. <www.sciencedaily.com/releases/2023/10/231024110153.htm
- Tara T.M. Lee, Corinne Collett, Simon Bergford, Sara Hartnell, Eleanor M. Scott, Robert S. Lindsay, Katharine F. Hunt, David R. McCance, Katharine Barnard-Kelly, David Rankin, Julia Lawton, Rebecca M. Reynolds, Emma Flanagan, Matthew Hammond, Lee Shepstone, Malgorzata E. Wilinska, Judy Sibayan, Craig Kollman, Roy Beck, Roman Hovorka, Helen R. Murphy. Automated Insulin Delivery in Women with Pregnancy Complicated by Type 1 Diabetes. New England Journal of Medicine, 2023; DOI: 10.1056/NEJMoa2303911