A doença de Alzheimer (DA) e demências relacionadas ainda são áreas complexas e parcialmente compreendidas, apesar dos recentes avanços na compreensão biológica dessas condições. Nesse cenário, o neurocientista Keenan A. Walker, do Instituto Nacional sobre Envelhecimento dos EUA, e sua equipe realizaram um estudo revolucionário para aprofundar esses mistérios. O estudo, intitulado "Proteomics analysis of plasma from middle-aged adults identifies protein markers of dementia risk in later life", foi publicado na Science Translational Medicine em 19 de julho de 2023.
O trabalho estendeu-se por 25 anos, explorando a hipótese de que fatores sistêmicos e processos biológicos fora do sistema nervoso central podem influenciar o risco de demência e DA. Para isso, a equipe utilizou uma plataforma proteômica em grande escala para avaliar o perfil proteômico plasmático relacionado ao risco de demência em adultos de meia-idade, monitorados por 25 anos. Como resultado, identificaram um conjunto de proteínas plasmáticas associadas à DA que atuam em diversos processos, incluindo proteostase, imunidade, função sináptica e organização da matriz extracelular. O estudo revelou 32 proteínas e quatro redes proteicas com forte associação com o risco futuro de demência, bem como uma potencial relação causal entre a proteína plasmática SERPINA3 - uma proteína imune inata envolvida na sinalização JAK-Stat - e a DA.
Os resultados do estudo foram destacados em um artigo publicado na revista Nature News em 21 de julho de 2023, intitulado "Dementia risk linked to blood-protein imbalance in middle age". A publicação ressaltou que o estudo de Walker demonstrou que proteínas específicas no sangue, quando desequilibradas em indivíduos de meia-idade, podem ser indicativas do desenvolvimento de demência.
Entre as descobertas de destaque, o artigo enfatizou o papel da proteína GDF15, que se revelou um dos marcadores mais fortes de risco de demência. Surpreendentemente, essa proteína não foi detectada no cérebro, sugerindo que mecanismos fora do sistema nervoso central também podem contribuir para o desenvolvimento da demência. Além disso, o estudo evidenciou a diversidade de funções das proteínas identificadas, reforçando a ligação entre o sistema imunológico e a demência.
Essas proteínas desempenham várias funções no corpo, reforçando o papel crucial do sistema imune na demência e a necessidade de entender melhor como essas proteínas se encaixam na fisiologia da doença. Segundo Nicholas Seyfried, bioquímico e neurologista da Emory University, como citado na Nature News, essas descobertas podem abrir caminhos para intervenções precoces.
De acordo com Walker, o objetivo é determinar se essas proteínas poderiam servir como marcadores para identificar caminhos desregulados em pessoas com demência e proporcionar tratamentos mais personalizados. Este estudo portanto, reafirma a importância de pesquisas contínuas para compreender melhor as complexas redes biológicas que conduzem à demência e à DA.
Para ter acesso ao estudo de Keenan A. Walker, "Proteomics analysis of plasma from middle-aged adults identifies protein markers of dementia risk in later life" clique no link .
Leia também:
Referências:
- Walker, Keenan A, Jingsha Chen, Liu Shi, Yunju Yang, Myriam Fornage, Linda Zhou, Pascal Schlosser, Aditya Surapaneni, Morgan E Grams, Michael R Duggan, Zhongsheng Peng, Gabriela T Gomez, Adrienne Tin, Ron C Hoogeveen, Kevin J Sullivan, Peter Ganz, Joni V Lindbohm, Mika Kivimaki, Alejo J Nevado-Holgado, Noel Buckley, Rebecca F Gottesman, Thomas H Mosley, Eric Boerwinkle, Christie M Ballantyne, and Josef Coresh. "Proteomics Analysis of Plasma from Middle-aged Adults Identifies Protein Markers of Dementia Risk in Later Life." Science Translational Medicine 15.705 (2023): 1-Eadf5681. Web.
-
Nature News. (2023, July 21). Dementia risk linked to blood-protein imbalance in middle age. Nature. https://www.nature.com/articles/d41586-023-02374-2