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Medicamento à base de DNA em estudo para tratamento de trombose

Medicamento à base de DNA em estudo para tratamento de trombose
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ago. 21 - 4 min de leitura
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O universo médico está sempre em busca de alternativas mais seguras e eficazes para o tratamento de diversas condições. Recentemente, pesquisadores, incluindo os da Universidade de Tóquio, apontaram para uma nova abordagem no tratamento anticoagulante que poderia oferecer uma alternativa sem efeitos colaterais aos medicamentos convencionais. Essa pesquisa, publicada na revista Molecular Therapy—Nucleic Acids, em agosto de 2023, pode revolucionar o tratamento de coágulos sanguíneos, especialmente em contextos como ataques cardíacos e complicações graves da COVID-19.

Heparina, o primeiro anticoagulante introduzido e amplamente usado no mundo, é considerado de suma importância pela Organização Mundial da Saúde. No entanto, em até 3% dos pacientes, pode ocorrer a trombocitopenia induzida por heparina (HIT) - um efeito contraproducente que leva à rápida coagulação do sangue, tornando-se potencialmente fatal. Esse efeito colateral se tornou especialmente preocupante durante a pandemia da COVID-19, onde muitos pacientes com casos graves necessitavam de intervenção anticoagulante. Além disso, o tratamento convencional com heparina apresenta desafios significativos quando administrado em gestantes, devido aos riscos para o feto.

Para solucionar esse problema, a equipe de pesquisadores liderada pelo Professor Associado Keitaro Yoshimoto, da Universidade de Tóquio, desenvolveu um inovador anticoagulante baseado em moléculas de DNA. Este medicamento, um inibidor de trombina de próxima geração, utiliza um mecanismo distinto para evitar sangramentos graves - uma das principais complicações dos tratamentos atuais. A característica marcante deste novo medicamento é uma molécula chamada aptâmero bispecífico, que tem a capacidade de se ligar a múltiplos alvos simultaneamente. Além disso, seções curtas de DNA agem como antídoto contra os efeitos colaterais indesejados de coagulação durante a HIT.

Os primeiros resultados são promissores. Nos estudos realizados em camundongos, o novo tratamento mostrou-se até dez vezes mais eficaz do que os medicamentos atuais para HIT. E há ainda mais boas notícias, especialmente para as mulheres grávidas: devido ao tamanho das moléculas de DNA, o novo medicamento e seu antídoto não atravessam a placenta, garantindo a segurança fetal.

A interdisciplinaridade foi fundamental para esse avanço. Yoshimoto, com expertise em bioquímica e separação molecular, juntou forças com a Professora Assistente Asuka Sakata, da Universidade Médica de Nara, especialista em biologia da trombose, para aplicar novos conceitos à resolução de problemas médicos concretos.

A comunidade médica aguarda com grande expectativa os desenvolvimentos subsequentes. Segundo Yoshimoto, o objetivo é iniciar ensaios clínicos em humanos em breve. Embora o processo exija tempo, com até dois anos para estudos pré-clínicos e até cinco anos para testes clínicos completos em humanos, a gravidade da condição torna imperativo um avanço rápido.

Este é um exemplo claro de como a ciência, quando direcionada para as necessidades urgentes da medicina, pode encontrar soluções inovadoras e transformadoras, capazes de melhorar e salvar inúmeras vidas.

Se desejar aprofundar-se no conteúdo deste estudo, disponibilizamos o link para acesso ao material completo.



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Referências: 

  • Nagano, M., Kubota, K., Sakata, A., Yoshitomi, T., Wakui, K., & Yoshimoto, K. (2023). A neutralizable dimeric anti-thrombin aptamer with potent anticoagulant activity in mice. Molecular Therapy—Nucleic Acids, 01 August 2023. https://doi.org/10.1016/j.omtn.2023.07.038

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