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Medicina e Metaverso: o que nos espera?

Medicina e Metaverso: o que nos espera?
Merci Ndungula
mar. 22 - 4 min de leitura
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Este texto não procura responder à questão acima. Ao contrário disso, surge na perspectiva do trazer mais questões através de uma breve exposição daquilo que será a próxima grande revolução tecnológica, o futuro da internet: o metaverso.

Futuro este em que as grandes empresas tecnológicas estão investindo fortemente para se tornar uma realidade em mais alguns anos. As corporações perceberam as possibilidades da comunicação virtual e reconhecem as limitações atuais e caminhos para melhorá-las e com isso, fortunas estão sendo aplicadas para que essa revolução aconteça.

A proposta do metaverso é promissora e mudará a  maneira como nos comunicamos e nos relacionamos com as outras pessoas e com as coisas, estreitando  linha entre o mundo físico e o digital.

Toda grande invenção e de importante impacto social traz consigo novos desafios e oportunidade e altera de um ou de outro modo a nossa maneira de pensar e fazer as coisas, moldando a nossa maneira de interação com o meio.

Neste sentido, o metaverso é  uma infraestrutura que terá entre as suas principais características: avatares, teleporting, interoperabilidade, interfaces naturais, bens virtuais, presença, privacidade e segurança, onde as redes sociais e sites que acessamos por meio de celulares e computadores, não serão mais os únicos mediadores do ambiente virtual, onde por meio de dispositivos equipados adequadamente será possível ter experiências mais imersivas, será literalmente como estar dentro da internet, pois iremos além da "telinha".
 

Leia mais: Hospital metaverso: a formação em ambiente virtual na área da saúde na França


A pandemia nos iniciou neste modelo de interação. Fomos forçados a migrar ao ambiente virtual onde realizamos um por cento significativo das atividades antes realizadas presencialmente por causa das restrições de mobilidade impostas como medida preventiva e de contenção da COVID-19.

O teletrabalho se tornou uma necessidade e não mais só uma opção, o "home office" era até então o "novo normal". Houve sim limitações, mais foi uma experiência positiva e que nos provou mesmo diante das dificuldades, o mundo virtual é a alternativa.

Obviamente, o  funcionamento do Metaverso  requer uma série de dispositivos e estrutura de rede que numa primeira fase não estarão disponíveis a todo mundo devido aos custos, o que fará dessa migração um processo paulatino, mas sem volta.

Com o metaverso poderemos ter ferramentas que nos permitirão um nível de interatividade maior e mais riqueza na comunicação. Imagine por uns momentos a possibilidade de auscultar os pulmões do seu paciente que está do outro lado do mundo, estar nos Estados Unidos,  operar a um paciente no Japão, participar em uma discussão diagnóstica na Alemanha, participar em um congresso ou  reunião, com a sensação de estar realmente no lugar e poder interagir com colegas como se fosse no mundo real.

As teleconsultas também serão revolucionadas e mais recheadas de detalhes. Se hoje, elas consistem na interação entre paciente e médico (a) em uma tela, no futuro, teremos uma tela inter, com dois avatares imersos em um ambiente onde poderemos fazer as coisas tal qual estamos pensando.

Apesar de toda essa riqueza de detalhes e imersão que o metaverso nos trará, sabemos que em medicina e, na prática da arte da medicina,  as características organolépticas  não são tão facilmente substituídas nem reproduzidas. Em maior ou menor medida, essas características  fazem a diferença na hora de estabelecer um diagnóstico.

Neste contexto, nos questionamos: poderá nos proporcionará o metaverso ainda que de maneira rudimentar tais características? Será conveniente esse distanciamento real e aproximação virtual com os pacientes?

Leia também: A relação metaverso e saúde
Está claro que a revolução será inevitável e acontecerá mais cedo ou mais tarde. Até lá, proponho algumas reflexões para  a comunidade:

-Como será o exercício da nossa nobre profissão nesse espaço?

-Será o Metaverso um lugar realmente seguro para nós e para nossos pacientes?

-Como isso afetará ou favorecerá o acesso aos cuidados de saúde?

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