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Medicina Tradicional: Brasil se destaca com práticas integrativas

Medicina Tradicional: Brasil se destaca com práticas integrativas
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ago. 25 - 4 min de leitura
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De acordo com uma recente publicação da ONU News, o Brasil emerge como um protagonista no cenário global da medicina, especialmente no âmbito das práticas integrativas e complementares na atenção primária da rede pública de saúde. O oncologista pediátrico Ricardo Ghelman, que é parte do conselho de especialistas em medicina tradicional da Organização Mundial da Saúde, evidencia a relevância do país nesse campo.

Desde 2006, o Brasil tem incorporado várias técnicas de medicina tradicional, complementar e integrativa como parte de sua política pública. Essas práticas têm proporcionado significativos benefícios à saúde mental da população, além de contribuir no controle de doenças como hipertensão e diabetes. Na esfera oncológica, dez hospitais já incorporam essas técnicas, não com o objetivo de substituir tratamentos convencionais, mas sim para melhorar o bem-estar dos pacientes, que frequentemente enfrentam inúmeros desafios durante o processo terapêutico.

A experiência brasileira diverge de modelos adotados nos Estados Unidos e Europa, onde tais técnicas são mais frequentemente encontradas em ambientes hospitalares. No entanto, é digno de nota que os hospitais de excelência no Brasil estão progressivamente adotando a medicina integrativa.

No Sistema Único de Saúde (SUS), são reconhecidas 29 práticas desse âmbito, categorizadas em sistemas médicos, produtos naturais e terapias mente-corpo. Interessantemente, dentre essas, 27 são importadas e apenas duas têm origem genuinamente brasileira: as plantas medicinais nativas e a Terapia Comunitária Integrativa (TCI). A TCI tem ganhado destaque internacionalmente, sendo implementada em 34 países como modelo de cuidado coletivo em saúde mental. Tal terapia tem sido, inclusive, utilizada na Ucrânia como estratégia de redução de burnout em meio ao contexto de guerra.

Segundo a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (2022), a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma abordagem sistêmica, concebida em 1987 pelo Dr. Adalberto Barreto, renomado em antropologia e psiquiatria. Incorporada ao SUS em 2017, essa metodologia destaca-se pela sua ênfase comunitária, almejando estabelecer redes de solidariedade e fortalecer vínculos afetivos, com foco na superação de desafios emocionais e existenciais. Ancorada em pilares teóricos, como o Pensamento Sistêmico e a Pedagogia de Paulo Freire, a TCI promove a escuta ativa e a articulação de sentimentos e experiências, encorajando os participantes a compartilharem suas estratégias de resiliência e superação. 

Além disso, um dos grandes esforços atuais se concentra na pesquisa clínica de 621 plantas medicinais nativas, visando estabelecer evidências robustas que permitam sua ampla incorporação terapêutica. Assim como em outras áreas, como agricultura e alimentação, Ghelman compara a medicina contemporânea às monoculturas, enfatizando a necessidade de se diversificar os formatos de cuidado com base em evidências. Esta visão foi corroborada na recente Cúpula Global sobre Medicina Tradicional na Índia.

Hoje, pelo menos uma das Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (Pics) está implementada em uma vasta maioria dos municípios brasileiros e em todas as capitais. O Brasil também tem se dedicado a investir em estudos para avaliar a relação custo-efetividade dessas técnicas, garantindo que sejam não apenas benéficas, mas também economicamente viáveis.

O cenário atual demonstra o compromisso e a vanguarda do Brasil no reconhecimento e incorporação de práticas integrativas e complementares, valorizando a riqueza e diversidade de abordagens terapêuticas em prol da saúde e bem-estar da população. Esta trajetória só reforça a importância de continuarmos a explorar, pesquisar e validar tais práticas, assegurando seu espaço de direito na medicina contemporânea.



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