Uma pesquisa publicada no British Journal of Sports Medicine abordou os benefícios da atividade física durante a hospitalização em pacientes idosos. Os pacientes idosos, mesmo aqueles que conseguem caminhar de forma independente, geralmente passam a maior parte do tempo no hospital em repouso, frequentemente em suas camas. Essa inatividade quase total pode levar à síndrome pós-hospitalar, um período de 30 dias após a alta hospitalar associado a um descondicionamento geral. Este fenômeno pode, se não for gerenciado, resultar em reinternação, incapacidade, colocação em asilos, morbidade e mortalidade.
Recentes evidências têm ressaltado a eficácia de intervenções ativas em prevenir o declínio funcional de idosos hospitalizados. A partir destes estudos, observou-se a possibilidade de ampliar a mobilização destes pacientes, resultando em benefícios como a melhoria da funcionalidade. No entanto, persistem questões sobre qual tipo de atividade física é mais eficiente e qual é a dosagem ideal.
A pesquisa, intitulada Optimal dose and type of physical activity to improve functional capacity and minimise adverse events in acutely hospitalised older adults: a systematic review with dose-response network meta-analysis of randomised controlled trials, identificou a dose e o tipo de atividade física ideais para melhorar a capacidade funcional e reduzir eventos adversos em idosos hospitalizados. A análise destaca uma relação não linear entre a dose de atividade física e a capacidade funcional.
Portanto, a pesquisa consolidou informações de dezenove estudos, totalizando 3.842 participantes, buscando determinar a quantidade mínima de atividade física necessária para beneficiar a capacidade funcional desse grupo específico. Os resultados apontaram para um parâmetro quantitativo específico: aproximadamente 100 Equivalentes Metabólicos por dia (METs-min/dia). Em termos práticos, isso se traduz em cerca de 40 minutos diários de atividades de leve esforço ou 25 minutos diários de atividades de esforço moderado. Esse achado é crucial para orientar recomendações de atividade física para idosos hospitalizados, garantindo que eles se envolvam em um nível de atividade que seja tanto viável quanto benéfico para sua saúde funcional.
Mais notavelmente, a análise detectou diferentes padrões de dose-resposta para cada um dos diferentes tipos de intervenções de atividade física. A ambulação, ou seja, o ato de caminhar, foi apontada como a intervenção mais eficaz em comparação com outras modalidades. Isso sugere que uma mudança nas práticas de atendimento hospitalar que simplesmente permita e promova a caminhada dos pacientes pode trazer benefícios significativos.
No que diz respeito à viabilidade, as atividades ambulatoriais podem ser mais fáceis e simples de implementar em ambientes hospitalares, tornando-se uma solução potencialmente mais econômica para reduzir as consequências negativas do excesso de tempo de cama em idosos hospitalizados.
Os idosos estão projetados para compor mais de 60% da população total de pacientes internados em hospitais até 2030. Diante disso, o estudo traz insights valiosos que podem informar o design de novos ensaios para testar a eficácia de intervenções físicas em hospitais para idosos.
Em conclusão, esta análise mostra que doses relevantes de atividade física melhoram a capacidade funcional e reduzem o número de eventos adversos em idosos hospitalizados. Se for fornecida a intervenção mais potente, os efeitos benéficos de programas de atividade física supervisionados no hospital podem ser maximizados com apenas cerca de 25 minutos por dia de caminhada em ritmo lento. Estes dados fornecem informações cruciais para apoiar a inclusão da atividade física como parte essencial da rotina diária de idosos hospitalizados.
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Referência:
Gallardo-Gómez D, del Pozo-Cruz J, Pedder H, et alOptimal dose and type of physical activity to improve functional capacity and minimise adverse events in acutely hospitalised older adults: a systematic review with dose-response network meta-analysis of randomised controlled trialsBritish Journal of Sports Medicine Published Online First: 03 August 2023. doi: 10.1136/bjsports-2022-106409