Na minha opinião, o olho clínico constitui o atributo que mais nos remete à arte da medicina no seu mais genuíno sentido. Requer curiosidade e finuria de pensamento. Exige do médico uma alta capacidade de observação, raciocínio e habilidade para interpretar.
Atualmente, essa expressão é usada em diferentes meios para expressar a perspicácia de um profissional na resolução de problemas da sua área de domínio. Porém, para nós acadêmicos de medicina, sempre terá um significado muito mais profundo.
Para nós, ali reside a arte que nos obriga rotundamente a analisar o paciente como um todo (desde o mais pequeno detalhe e aparentemente sem significado ao maior detalhe que parece gritar que ali está o diagnóstico, ou que ali as patologias transcendem o orgânico). Mais do que uma relação entre médico e paciente, são duas almas que interagem em um atendimento.
Com o avanço de métodos diagnósticos de grande precisão que auxiliam o médico a chegar a diagnóstico certeiros em menor tempo possível e acertadamente, torna-se cada vez mais raro ouvir esse termo no ambiente médico docente. consequentemente, observar a parte artística da medicina também é algo mais difícil. É como se isso não coubesse mais em nosso meio de medicina baseada em evidência.
Na faculdade de Medicina, ouvimos pouco sobre esta expressão, exceto pela boca daqueles cujo peso da experiência profissional e a adaptação a novas tecnologias obriga-os ainda a fazer menção da necessidade que temos de adotá-la sempre como acadêmicos de medicina e futuros médicos.
Estes insistentemente nos convidam a ser atores que façam ciência sem esquecer a arte, ainda nos proporcionam em cada visita ao leito de um paciente e em cada discussão diagnóstica, o show de poder chegar a diagnósticos certeiros sem a necessidade muitas vezes de submeter o paciente a provas invasivas e dispendiosas.
É importante que se fale se ensine se estimule a arte da medicina para que se formem médicos e não meros técnicos da saúde. Será necessário manter unida a arte e a ciência na medicina enquanto formos seres #biopsicosociais.
Anualmente, são gastos bilhões de dólares em testes e procedimentos que não se traduzem necessariamente na melhoria da saúde de muitos pacientes. Termino citando as palavras do Dr. Valentin Fuster:
"Temos tecnologias disponíveis, mas nós devemos estar disponíveis também para os pacientes"
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